Até 2060, idosos serão 34,5% dos baianos
A aposentada Conceição Gonçalves tem 68 anos, mas não para. Anda de ônibus para baixo e para cima, vende colchão, sandália magnética e até Tupperware. Peregrinou durante seis anos até o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para conseguir se aposentar. Enfrenta osteoporose, artrose, mas nem parece que sente essa dor, quando as netas a chamam para a brincadeira.
“No tempo de minha mãe, mal se chegava aos 40 já colocava o saião e ia fazer crochê. Eu não vejo velhice. Saio, busco minhas vendas, meus clientes. Não aceito esse negócio que estou ultrapassada. Eu estou na luta, tocando minha vida pra frente e mando ver”, afirma Conceição.
E manda mesmo. Os baianos estão vivendo mais. Com previsão, na verdade, de viver mais ainda. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de idosos na Bahia (pessoas com 60 anos ou mais de idade) aumentou 13,8%, passando de
1.773.391 em 2012 para 2.017.717 no ano de 2017, o que representou mais 244.326 idosos num período de cinco anos.
A estimativa é que a Bahia tenha um envelhecimento mais acelerado que a média nacional. Até 2060, a população de idosos deve mais que duplicar no estado, chegando a 4.767.653 pessoas de 60 anos ou mais.
Ou seja, caso essa projeção se confirme, pouco mais de 1 em cada três pessoas no estado será idosa: 34,5% da população da Bahia terá 60 anos ou mais de idade.
Para a presidente da Associação Brasileira de Gerontologia, Eva Bettine, para atender ao perfil do novo idoso, o Estatuto que trata dos direitos dessa população precisa avançar, sobretudo nos artigos que tratam do atendimento em saúde e naqueles que se relacionam com a oferta de equipamentos públicos para atender, tanto aos idosos com boa saúde e mobilidade, quanto àqueles que estão mais fragilizados.
“O Estatuto do Idoso é uma legislação muito avançada, pelo menos comparativamente com outros países. Porém, o perfil do novo idoso mudou muito desde 2003. É necessário um atendimento mais rápido, maiores investimentos em prevenção de doenças e promoção de saúde”, avalia.
A diretora técnica do Centro Internacional de Longevidade Brasil, Ina Voelcker, concorda com Eva Bettine e defende ainda um avanço em políticas que estimulem a flexibilidade das empresas em manter os idosos na força de trabalho.
“A gente sempre enxerga o idoso no outro. Mas toda a questão do envelhecimento deve ser uma preocupação nossa desde cedo. Com a expectativa de vida cada vez maior e a terceira idade mais ativa, o futuro precisa de um enfoque muito grande na questão da educação continuada para manter esse idoso trabalhando. Sem dúvida, esse será um dos desafios”, aponta Voelcker.