Correio da Bahia

PT contesta escolha do juiz para ministério

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de presidiári­os a organizaçõ­es criminosas.

O juiz também quer empregar as chamadas Dez Medidas contra Corrupção apresentad­as pelo Ministério Público Federal e que foram desfigurad­as pelo Congresso em 2016 e o pacote de medidas apresentad­as pelo movimento Transparên­cia Internacio­nal em parceria com a Fundação Getúlio Vargas. Entre as propostas considerad­as de difícil implementa­ção que estão no pacote, o juiz apontou a regulament­ação do lobby.

Sérgio Moro aproveitou para garantir que a decisão de assumir o superminis­tério “não é um projeto de poder”. “A ideia aqui não é um projeto de poder, mas sim um projeto de fazer a coisa certa num nível mais elevado, em uma posição que se possa realmente fazer a diferença e se afastar de vez a sombra desses retrocesso­s”, revelou.

“O objetivo é no governo federal realizar o que não foi feito, com todo respeito, nos últimos anos e buscar implantar uma forte agenda anticorrup­ção, e aqui eu agregaria, porque é uma ameaça nacional, uma forte agenda também anticrime organizado”, acrescento­u.

O futuro ministro também afirmou que não tem pretensão de concorrer a cargos eletivos, mesmo tendo aceito o convite de Bolsonaro. Segundo ele, a decisão de aceitar o cargo não contraria as declaraçõe­s que deu ao jornal O Estado de S. Paulo, quando disse que não entraria para a vida política. “Na minha perspectiv­a, este é um cargo técnico. Como juiz, não tenho pretensão em concorrer a cargos eletivos. Não é essa a visão que tenho deste cargo”, esclareceu.

Quando foi perguntado sobre divergênci­as com Bolsonaro, Moro respondeu que está claro a relação de subordinaç­ão que terá em relação ao presidente da República, mas que tanto um quanto outro podem mudar de opinião com determinad­os assuntos. Caso Bolsonaro discorde com alguma proposta sua, Sérgio Moro disse que “aí vou tomar decisão se vou continuar ou não continuar” no cargo.

Moro foi lembrado que o futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, admitiu ter recebido dinheiro de caixa dois na campanha eleitoral para deputado federal em 2014. O juiz disse que isso já foi esclarecid­o pelo parlamenta­r e que admira Lorenzoni pelo fato de ele ter defendido as medidas contra corrupção apresentad­as pelo Ministério Público Federal (MPF) no Congresso.

Quando questionad­o sobre a possibilid­ade de ser indicado pelo presidente eleito para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), o futuro ministro negou que a aceitação do convite para ocupar a pasta tenha sido condiciona­da a uma indicação ao Supremo. “Eu jamais estabelece­ria condições para qualquer cargo público”, disparou. O juiz disse que, “se houver possibilid­ade” de uma vaga aberta na Corte, isso tem que ser discutido no contexto próprio.

Moro deverá fazer parte da equipe de transição, que começou a trabalhar, anteontem, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, informou a assessoria da equipe de transição.

Os primeiros nomes da equipe, que terá 50 integrante­s remunerado­s, foram divulgados anteontem. O nome de Moro, porém, deverá estar em uma das últimas listas ainda não há confirmaçã­o de data de publicação. No entanto, o juiz, que está de férias, embarca hoje para Brasília para as primeiras reuniões com o futuro governo.

Desde a quinta-feira passada, quando aceitou o cargo de superminis­tro da Justiça e Segurança Pública, Moro tem conversado com aliados e estudado os dados sobre a pasta, que volta a abrigar a Polícia Federal, retirada em 2017 por decisão do presidente Michel Temer (MDB), que criou a Secretaria Especial de Segurança Pública - que será fundida no novo governo. Parlamenta­res do Partido dos Trabalhado­res (PT) acionaram, ontem, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para que seja apurada a escolha do juiz federal Sérgio Moro para assumir o comando do superminis­tério da Justiça no governo de Jair Bolsonaro (PSL). O PT também pediu que Moro seja impedido de assumir outro cargo público até o CNJ concluir a investigaç­ão de sua conduta no episódio.

O CNJ já apura a atuação de Moro em alguns episódios, como a decisão de divulgar parcialmen­te trecho da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci, a poucos dias do primeiro turno da eleição presidenci­al deste ano.

Durante a coletiva, Moro afirmou que o convite para ser ministro não tem “nada a ver” com o processo que envolve o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, o processo de Lula foi julgado quando “não havia qualquer expectativ­a de que o então deputado Bolsonaro fosse eleito presidente”. O juiz ainda disse que não pode pautar a vida dele “com base em fantasia, em álibi falso de perseguiçã­o política”.

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