Solução para crise do emprego está no aprendizado contínuo
Se você está no finalzinho da graduação, contando as horas para acabar o curso, ingressar no mercado de trabalho e se ver logo livre dos estudos, esqueça. Digamos que você foi um pouquinho mais longe, terminou a pós-graduação e agora acha que já pode aposentar os livros. Esqueça também! Embaixador da Singularity University Capítulo São Paulo e um dos fundadores da Affero Lab, maior empresa de Aprendizagem Corporativa do Brasil, Conrado Schlochauer diz que o processo de aprendizagem é contínuo e deve ser mantido ao longo de toda uma vida, principalmente em tempos de revolução digital, quando tudo muda o tempo inteiro e de forma veloz e exponencial.
Ele pergunta a uma plateia de 600 pessoas se alguém ali “acabou os estudos”. Antes do público se manifestar, já responde: “Não, você não acabou. Você não acaba nunca. A questão é que a gente não foi feito para aprender ao longo da vida. Nossa lógica é aprender bastante até os 20, 24 anos, e depois usar esse aprendizado, faz uma pós-graduação”. Ele diz ainda que até quem se orgulha de ter 25 anos de estudos ainda não pode se dar por satisfeito.
“Aprendizagem não é a mesma coisa que adquirir conteúdo. É fazer melhor. É experimentar. Peço desculpas, mas aqui vocês não estão aprendendo. Vão aprender quando fizerem algo diferente na vida. Aprendizagem é a explicitação do conhecimento por meio de uma performance melhorada. A gente tem que ter esse olhar de aprendizado ao longo da vida”, falou.
E para você que deixou adormecer projetos e sonhos porque achou que o tempo de viver aquilo já passou, é hora de rever conceitos. “Odeio gente que fala que terminou o tempo. Como assim, seu tempo não é hoje? Você morreu? Seu tempo é hoje. Se quer uma liderança, você vai ser líder mesmo sem ser gestor. Porque capacidade de se adaptar, persistência, garra, iniciativa e curiosidade são todas habilidades que a gente pode desenvolver e vai ser no dia a dia que a gente vai fazer isso”.
Ao projetar o olhar para o futuro e buscar meios de se preparar para não ficar de fora desse mercado cheio de inovações, o especialista adverte que “cada um vai ser cada vez mais responsável pelo processo de mudanças nas empresas e nas próprias vidas”. “Há duas tendências: a longevidade e as mudanças de tecnologia. Então você vai precisar trabalhar mais. Vamos trabalhar em profissões que não existem e estamos no mercado de trabalho meio sem saber o que fazer. Por isso, mais do que pensar em estratégias, é entender primeiro que não vai ter um líder que vai salvar o mundo. A solução é o aprendizado ao longo da vida”, reforçou.
Outro alerta: em meio às mudanças e às novas tecnologias, não pode haver barreiras nem freios no processo de aprendizagem. Conrado alerta que é preciso estar atento à percepção social e cultural e olhar o mundo com o olhar de antropólogo. “O antropólogo não julga. Se você está julgando, você está errado. Tem que experimentar novas tecnologias, novas redes sociais, sem julgamento”, propõe.
Ele também recorre a uma metáfora para dimensionar esse movimento que as novas tecnologias vão demandar dos profissionais no futuro. Segundo ele, a melhor metáfora para traduzir isso é a bicicleta, que foi feita para estar em movimento. “Isso é importante para o desenvolvimento da vida. Você vai ter que abandonar conhecimentos e experiências para fazer coisas novas. Para se humanizar, sem se especializar por um curso, mas entendendo o dia a dia vai conseguir se manter vivo e ativo nesse mundo delicioso que está mudando”, avalia.