Correio da Bahia

JORGE AMADO: UMA BIOGRAFIA

- R$ 79,90 (640 págs.)

Morando em São Paulo há 21 anos, Josélia Aguiar veio muitas vezes a Salvador, onde a família reside, para pesquisar e entrevista­r. E revela que deve a Jorge Amado a reaproxima­ção mais forte com a cidade, que começou graças a Pierre Verger (1902-1996), tema de seu mestrado: “Foi esse livro sobre Jorge que me fez entender muita coisa, como o significad­o de ser um escritor baiano no Brasil”, afirma .

Ela conta que rezava a lenda no mercado literário que Jorge Amado demorava de escrever porque tinha preguiça de baiano. “Isso é puro preconceit­o”, afirma. Parece que a relação com a Bahia vai ficar ainda mais estreita porque Josélia desenvolve seu doutorado na USP também sobre Jorge, analisando, dessa vez, o diálogo dele com autores de sua geração. “Jorge Amado sempre foi um escritor fora da bolha. E isso fez com que tivesse mais leitores, é uma questão de identifica­ção”, opina a autora.

Num ímpeto de profeta, Jorge dizia que seria esquecido depois de morto. E assim ficaria por quase uma década. Ninguém pode desmentir que seja coisa do destino o lançamento de sua biografia somente agora, 18 anos depois de sua morte e em tempos de ânimos tão acirrados. Ser político em muitos aspectos, Jorge não teria se escondido no anonimato se estivesse vivo, acredita a biógrafa: “Ele sempre teve diálogo com as pessoas de ideologias diferentes. O que me parece muito

Jorge éum personagem muito complexo. Toda vez que achava que ia terminar, surgia uma coisa nova

Ele sempre teve diálogo com as pessoas de ideologias diferentes

Imagino que em algum lugar Jorge deve estar se divertindo ao se ver como personagem histórico, porque o tratei com o distanciam­ento de uma pessoa que não o conheceu claro é que ele teria agido dessa forma, deixando suas opiniões claras através do diálogo, porque defendia a liberdade acima de tudo”.

Nesse exercício de recriação de um personagem histórico, a jornalista brinca ao supor o quê seu biografado teria achado do livro. “Imagino que em algum lugar Jorge deve estar se divertindo ao se ver como personagem histórico, porque o tratei com o distanciam­ento de uma pessoa que não o conheceu. E mais, foi um livro feito por uma mulher. Nas histórias dele, há muitos momentos de empoderame­nto feminino”, opina.

Josélia Aguiar

Dia 27, às 19h, no Palacete das Artes (Graça)

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