Bolsonaro anuncia nome do DEM para a pasta da Saúde
O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), confirmou ontem o nome do deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) para ocupar o Ministério da Saúde. Com a indicação, o DEM ganha musculatura dentro do governo Bolsonaro e passa a ter três ministérios: além da Saúde, o da Agricultura, comandado pela deputada federal Tereza Cristina, e a Casa Civil, com Onyx Lorenzoni. Mandetta é o nono ministro indicado por Bolsonaro.
Ele também anunciou a permanência de Wagner Rosário na Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU), que tem status de ministério.
Mandetta é acusado de fraude em licitação no tempo em que era secretário da Saúde na capital do Mato Grosso do Sul. Bolsonaro, contudo, minimizou o fato ao dizer que “nem réu ele é ainda”. Em entrevista, o futuro ministro da Saúde citou o programa Mais Médicos que, segundo ele, parecia mais um acordo entre o PT e o governo de Cuba (leia adiante).
Wagner Rosário é o único ministro do governo de Michel Temer (MDB), até agora, que ocupará cargo no governo de Bolsonaro. A ideia era a de ocupar a CGU com um nome que mantenha estreita relação com o Ministério da Justiça, que será comandado por Sérgio Moro, ex-juiz federal da Lava Jato. Moro, por sua vez, anunciou ontem o nome de Maurício Valeixo para a direção-geral da Polícia Federal(leia ao lado).
Bolsonaro esteve com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, na tarde de ontem. Ao encontrá-la, bateu continência. Questionado, logo após o encontro, se o DEM, pelo fato de já ter três ministros no futuro governo, seria o seu principal aliado, Bolsonaro negou.
Segundo ele, assim como ocorreu com Mandetta, a escolha da deputada Tereza Cristina para a Agricultura ocorreu pelo apoio da bancada do agronegócio. Sobre Onyx Lorenzoni, na Casa Civil, justificou que é seu aliado de longa data.
O presidente do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto, que se reunirá hoje com Onyx Lorenzoni em Brasília, disse que o partido não pediu nada a Bolsonaro, segundo informações de O Globo. Neto disse, ainda, que Tereza Cristina, Lorenzoni e Mandetta são escolhas de Bolsonaro, e não indicações partidárias. E que “em um momento oportuno”, reunirá o partido para a decisão sobre integrar ou não a base aliada. “São quadros qualificadíssimos. Mas escolhas do presidente”.
Bolsonaro defendeu a escolha de Luiz Mandetta e disse que
Saúde Luiz Henrique Mandetta nasceu em Campo
Grande (MS), tem 53 anos. É médico ortopedista e especialização em Ortopedia pelo serviço de Ortopedia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul . Ex-secretário de Saúde de Campo Grande, está no segundo mandato de deputado federal e não disputou as eleições deste ano. Ingressou na política em 2005, quando foi nomeado secretário de saúde de Campo Grande (2005 a 2010), durante a gestão do então prefeito Nelsinho Traud. Mandetta era do MDB e migrou para o DEM para concorrer a deputado federal em 2010. busca uma “saúde diferente”. Embora Mandetta seja investigado pela Justiça, Bolsonaro destacou que ele ainda não é réu.
“Tinha uma só investigação contra ele, que é de 2009, se não me engano. Não deu nenhum passo esse processo. Ele nem é réu ainda. O que está acertado entre nós: qualquer denúncia ou acusação que vier robusta, não fará parte do nosso governo”.
Mandetta é investigado por suposta fraude em licitação, tráfico de influência e caixa 2 em contrato para implementar um sistema de informatização em Campo Grande (MS), no período no qual foi secretário de Saúde.
O próprio futuro ministro da Saúde, em entrevista, defendeu-se: “Hoje, no Brasil, a gente vive esse drama de dizer que uma pessoa é investigada. Não sou réu. Não tenho ainda condição nem de saber quais são as eventuais culpabilidades impostas a mim. Quando for, e se for o caso, apresento ao presidente (explicações)”, disse.
Em entrevista, Mandetta disse que o programa Mais Médicos era uma parceria entre o PT e Cuba, e não entre dois países, e que ainda precisa se reunir com o governo atual para definir o que será feito após os profissionais cubanos deixarem o Brasil.
“Esse (a ruptura do projeto) era um dos riscos de se fazer um convênio e terceirizar uma mão de obra tão essencial. Me pareceu muito mais um convênio entre Cuba e o PT, e não entre Cuba e o Brasil, porque não houve uma tratativa bilateral, mas sim uma ruptura unilateral (por parte de Cuba)”, disse.
Segundo Mandetta, a primeira medida da equipe de transição será se reunir com o atual governo para entender os impactos do fim do programa e conhecer as possíveis soluções. “Não (tivemos informações nas últimas 48 horas sobre uma solução). Estamos aguardando o momento certo de fazer esse diálogo e saber quais são as medidas do governo Temer”.
Sobre a necessidade de os atuais médicos do programa ficarem no país e terem de fazer o Revalida, Mandetta afirmou que a questão ainda não foi discutida.