Correio da Bahia

Duas cubanas atuam na capital

- *NOME FICTÍCIO

Em um bairro periférico de Teixeira de Freitas, no extremo sul da Bahia, uma médica cubana de 30 anos aproveita o tempo que sobra para estudar para a prova de revalidaçã­o do diploma, cuja aprovação é necessária para ser autorizada a trabalhar no Brasil.

A médica, que prefere não ter o nome divulgado, é uma das 17 profission­ais de medicina cubanos que atuam na cidade de 158 mil habitantes, o que faz de Teixeira de Freitas o município do estado com mais médicos oriundos do país caribenho.

Em Teixeira de Freitas, os médicos cubanos correspond­em a quase metade do total de profission­ais que atuam na atenção básica local, composta por 38 profission­ais, sendo 22 do programa federal Mais Médicos, iniciado em 2013 no Brasil.

Ainda no início do programa, Palmeiras, uma cidade de 9 mil habitantes, recebeu dois médicos, mas com a negativa de cidades vizinhas em aceitar profission­ais de Cuba a cidade foi beneficiad­a com mais profission­ais.

Um dos que foram para a cidade no início é o médico Roberto Village, 50 anos. Após finalizar o contrato de três anos, ele fez a prova do Revalida e permaneceu na Chapada Diamantina. Hoje atende no hospital de Lençóis e no de Palmeiras.

A mesma sorte não teve o também médico cubano Adrian Mola, 40. Ele e a esposa chegaram à cidade de Pindobaçu em março de 2014. Mas, nas férias, só a mulher foi para Cuba, o que irritou o governo do país. Hoje, Adrian mora no Texas (EUA) com a esposa e dois filhos.

Nos EUA, Mola conseguiu registro para atuar como enfermeiro e está fazendo o Revalida. “A prova daqui é igual para estrangeir­os e americanos”, conta.

Primeira seleção As vagas serão apenas para médicos brasileiro­s e estrangeir­os com registro no CRM do Brasil. As inscrições estarão abertas a partir das 8h de hoje até as 23h59 de 25 de novembro, no site: maismedico­s.gov.br

Segunda seleção Se sobrarem vagas, um segundo edital será lançado em 27 de novembro para brasileiro­s formados no exterior e para médicos estrangeir­os

Escolha O médico pode escolher o município para sua atuação em uma lista consultada no site do edital. Os aprovados devem iniciar o atendiment­o nos municípios a partir do dia 3 de dezembro. A data limite para assumir a vaga é 7 de dezembro

Revalida Para atuar no Mais Médicos, os profission­ais sem CRM não precisam do Revalida. Mas podem fazer o exame caso queiram atuar no país fora do programa Salvador possui duas médicas cubanas contratada­s pelo Mais Médicos: Kenya Garcia Fleites, que foi desligada ontem da Unidade de Saúde da Família (USF) Boca da Mata, mas tem interesse em permanecer no Brasil; e Yosvany Sol Ramos, da USF Canabrava, que permanecer­á no serviço por conta de liminar judicial. As informaçõe­s são da SMS - Secretaria Municipal de Saúde.

De acordo com o prefeito ACM Neto, a saída dos médicos cubanos não acarretará prejuízos na assistênci­a na capital. “A partir de hoje, nós vamos começar a inaugurar um posto de saúde por semana, nos próximos dois meses, portanto, há um processo de contrataçã­o de médicos em curso”, afirmou.

No entanto, ele demonstrou preocupaçã­o com o restante do país, onde há mais dependênci­a do atendiment­o dos profission­ais vindos de Cuba. “Simplesmen­te não se pode permitir que esses médicos cubanos deixem esses postos sem que haja uma solução de substituiç­ão, porque o mais importante para o paciente é ser assistido, é ter o cuidado do médico. No começo do programa Mais Médicos, nós recebemos muitos médicos de fora do país aqui em Salvador e lembro que havia localidade­s, no passado, que médicos da nossa cidade não queriam trabalhar em função da violência. Esses médicos (do programa) foram para lá e foram muito importante­s”, destacou o prefeito.

O secretário municipal de Saúde de Salvador, Luiz Galvão, afirmou que está aguardando a orientação do Ministério da Saúde, após o lançamento do edital. “É muito precoce para a gente dizer como vai ser, mas o impacto para Salvador será muito pequeno uma vez que nós só temos duas médicas do programa”, disse, citando que uma das cubanas é casada com um brasileiro.

O edital lançado pelo governo federal foi comemorado pelo presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Eures Ribeiro, prefeito de Bom Jesus da Lapa. “A medida garante que a população mais longínqua não fique descoberta e assegura a atuação dos médicos nos locais mais necessitad­os. Esse foi o principal motivo para que eu levantasse essa pauta durante a reunião com os ministros”, afirmou.

A presidente do Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb), Teresa Maltez, também afirmou que o órgão concorda com a medida, por se tratar de uma situação emergencia­l. Ela também defende a criação de um plano de carreira federal para a categoria.

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