Corrida para pagar menos
As oportunidades de negócio são enormes, há muitos produtos baratos Fábio Pina
As promoções na internet costumam ser mais vantajosas, mas as lojas físicas que souberem oferecer preços competitivos também conseguirão atrair o consumidor Roque Pellizzaro Junior Sexta-feira será dia de ir às compras para seis em cada dez consumidores brasileiros. Pelo menos é essa a estimativa dos organizadores da Black Friday no Brasil, prevista para este dia 23. O dia de descontos já tradicional nos Estados Unidos e que chegou ao Brasil em 2010 deve movimentar R$ 92 milhões só na Bahia - 50% desse valor negociado em Salvador.
Em todo o país, a estimativa é de que o evento faça circular mais de R$ 2,5 bilhões em negócios, sobretudo com eletroeletrônicos - 19% a mais que em 2017. De acordo com pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), cerca de 30% dos consumidores vão aproveitar a Black Friday para antecipar as compras de Natal.
Na Bahia, de acordo com o Sindicato dos Lojistas (Sindilojas) e a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL), as vendas de novembro devem ser elevadas em 3%. Isso porque ainda há muitos lojistas que não participam diretamente.
É o caso de comerciantes da Avenida Sete de Setembro. Muitos aproveitam a rotatividade maior nos locais para aumentar as vendas. “A gente não participa da Black Friday, mas acaba sendo beneficiado porque o cliente acaba confundindo e achando que é um desconto generalizado”, diz o gerente da Idol, loja de cama, mesa e banho, Lourival Santos Filho.
De acordo com os organizadores da Black Friday, o evento gera três vezes mais vendas que os dias normais, o que é notado pelo gerente da Grippon, na Avenida Sete, Jaime Carlos de Oliva Filho.
“Nossos descontos chegam até 50%, conseguimos vender muitas coisas e o dia é visto por nós como um bom momento para vender mais, para ver como será o comércio no final de ano”, comenta.
O empresário Paulo Motta, presidente do Sindilojas, afirma que os descontos da Black Friday devem chegar até 80% na Bahia, “uma verdadeira queima de estoque”.
“Essa data, que acaba se estendendo pelo final de semana seguinte à sexta-feira, é muito positiva para o comércio como um todo”, diz.
O mergulhador Eduardo Pereira, 51 anos, aproveitou o tempo livre ontem para procurar objetos de cozinha. A pesquisa começou há 15 dias. “Estou dando uma olhada em alguns produtos para ver o que tem de desconto, mas vou voltar na sexta-feira para comparar”, conta.
Enquanto ele fuçava as prateleiras dos eletrodomésticos, do outro lado da loja o comerciante Manuel Mota, 73, e a dona de casa Mari Gonçalves, 45, olhavam guarda-roupas. Eles estão há um ano procurando uma cama e uma máquina de lavar.
Já a aposentada Meire Santana, 56 anos, disse que não acredita muito nas promoções, mas que, mesmo assim, vai deixar para comprar o rack e a mesinha de centro no final de semana.
“Sou a rainha do desconto. Sempre dou uma choradinha e consigo um preço legal, então, se não encontrar nenhum bom desconto hoje (ontem), vou deixar para tentar na sexta”, afirma.
O diretor da Black Friday no Brasil, Ricardo Bove, destaca que as principais intenções de compras para a edição de 2018 seguem o mesmo perfil dos anos anteriores: produtos de maior valor agregado e de desejo. O destaque fica por conta dos smartphones, seguido por televisores, notebooks e eletrodomésticos.
A previsão é que cada pessoa gaste, em média, R$ 1.146 na Black Friday. O estudo da CNDL e SPC Brasil aponta ainda que 32% dos que compraram em 2017 planejam desembolsar mais este ano.
Mas, enquanto quase 60% dos consumidores pretendem comprar, outros 32% só devem ir às compras caso encontrem boas ofertas - 10% não pretendem comprar.
Entre os que não pretendem fazer compras na Black Friday, os principais motivos são falta de dinheiro (28%) e o fato de não precisar comprar nada (22%).