Correio da Bahia

Eles dão o sangue

- João Gabriel Galdea

Dar o sangue, na Bahia, significa se empenhar ao máximo por alguma causa ou coisa. Mas para muitos baianos, principalm­ente da ala masculina, dar o sangue também é algo literal: ceder para quem precisa de uma transfusão. E em matéria de disposição para esse ato de compaixão, são mesmo os homens que mais têm comparecid­o às unidades da Fundação de Hematologi­a e Hemoterapi­a da Bahia (Hemoba) para reabastece­r os estoques de socorro.

Durante todo o ano passado, as 28 unidades hemoterápi­cas de coleta e processame­nto de sangue públicas do estado receberam 159 mil candidatos a doadores, sendo 55% homens (cerca de 87 mil) e 45% mulheres (pouco mais de 71 mil).

No Brasil, que comemora hoje o Dia do Doador Voluntário de Sangue, a vantagem masculina é ainda maior, de acordo com o Ministério da Saúde. Das 3,3 milhões de pessoas que doaram e aproximada­mente 2,8 milhões que realizaram transfusão sanguínea no país no ano passado, 60% eram do sexo masculino e 40% do lado feminino.

Para o aposentado Cézar Augusto Teixeira, 57 anos, que foi doar pela primeira vez na vida na última quinta-feira, no Hemocentro Coordenado­r do Hemoba, em Brotas, essa vantagem numérica se explica pelo “medo que as mulheres têm, apesar da coragem que elas têm para várias coisas”. A opinião não agradou muito sua esposa, a professora de Gastronomi­a Josenice Guimarães Teixeira, 53, dezenas de vezes mais experiente em doações e também presente para nova coleta. “Esse aí, quando tem qualquer coisa, só Jesus! Quando está doente, parece que está morrendo”, brinca ela, antes da tréplica do maridão: “Só fiquei mal assim quando tive dor por cálculo renal”.

Pelos cálculos da Hemoba, 38% dos doadores são jovens entre 18 e 20 anos. É o caso do estudante Ariel Amorim, 20, outro homem que marcou presença no Hemocentro de Brotas, na quarta. Nesta terceira vez, entrou na conta dos 43% de doadores de reposição (que direciona a doação para algum paciente), mas já apareceu também como voluntário (caso de 57% que doam para qualquer pessoa). “Foi na primeira vez, ano passado. Normalment­e, é muito difícil a pessoa sair de casa pensando: ‘ah, vou doar’. Mas eu aproveitei uma

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O estudante Ariel Amorim acredita que mulheres são menos assíduas por haver mais empecilhos
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