Correio da Bahia

Vexame monumental

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O dia que era para ser de festa e futebol se transformo­u em vergonha em Buenos Aires. A final da Copa Libertador­es entre River Plate e Boca Juniors, no estádio Monumental de Nuñez, casa do River, que deveria ter sido disputada às 17h de ontem, foi adiada para hoje, no mesmo horário. O motivo: uma agressão ao time do Boca Juniors.

O ônibus que levava a delegação foi alvo de pedradas da torcida do River Plate ao chegar no Monumental. Na confusão, janelas foram quebradas. A polícia usou gás de pimenta para dispersar a multidão, e o material acabou afetando os jogadores do Boca. Já dentro do estádio, vários atletas apresentar­am problemas médicos por causa do gás. O capitão Pablo Pérez precisou ser levado de ambulância para um hospital.

Devido ao problema, a Conmebol adiou o início da partida duas vezes. Primeiro para as 18h e depois para as 19h15. Enquanto isso, mais de 60 mil torcedores se concentrav­am nas arquibanca­das à espera de uma definição. O presidente da Fifa, Gianni Infantino, estava no estádio.

Através de um comunicado, os médicos da Conmebol chegaram a afirmar que os jogadores do Boca haviam sofrido apenas lesões superficia­is e que, por isso, não havia motivo para suspender a partida. Ídolo do clube, o atacante Tévez criticou a decisão e, em entrevista na porta do vestiário, afirmou que o time estava sendo obrigado a jogar, mesmo sem condições emocionais e físicas.

“Não estamos em situação de jogar. Estão nos obrigando. Pablo Pérez tem um ferimento, outro companheir­o também. Entendo que os médicos fazem muita pressão, mas acredito que tem que fazer bem o seu trabalho. Temos três companheir­os que não estão bem e não podem jogar. Não acredito no que está acontecend­o”, disse Tevez.

Após o atendiment­o médico, Pablo Pérez voltou ao estádio com um curativo no olho e os jogadores de Boca e River chegaram a iniciar o aqueciment­o para a partida.

Só por volta das 19h15 veio a confirmaçã­o oficial da remarcação do duelo para as 17h de hoje. A medida foi tomada após uma reunião entre as diretorias de River Plate e Boca Juniors. “Quero parabeniza­r as duas equipes, foi um acordo de cavalheiro­s. Que vença o melhor e que as pessoas possam entender que isso não é uma guerra, é futebol”, disse o presidente da Confederaç­ão Sul-Americana de Futebol (Conmebol), Alejandro Dominguez.

A Conmebol não informou como será feita a entrada dos torcedores ou devolução do dinheiro. Uma das hipóteses ventiladas foi a realização do jogo sem a presença da torcida, ideia que não foi adiante. Através das redes sociais, o River Plate pediu para os torcedores guardarem os ingressos, pois serão válidos.

Vale lembrar que apenas os torcedores do River poderão acompanhar o duelo. Como o jogo de ida terminou empatado em 2x2, na Bombonera, um triunfo dá o título para River ou Boca. Novo empate leva a decisão para a prorrogaçã­o e, se persistir o empate, o campeão será conhecido em disputa de pênaltis.

Essa não é a primeira vez que o clássico entre Boca e River é manchado por violência e uso de gás de pimenta. Em 2015, nas oitavas de final da Libertador­es, um torcedor do Boca jogou gás no túnel de acesso do River durante a volta dos jogadores do vestiário para o segundo tempo na Bombonera. Muitos atletas passaram mal e não tiveram condições de continuar o duelo. A partida foi encerrada e o Boca Juniors excluído da competição, que o River acabaria campeão.

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Capitão do Boca, o meia Pérez retorna do hospital para o estádio com curativo no olho, atingido por vidro

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