Consciência, brancos, contamos com vocês!
A cada ano, percebo que estamos mais cientes do nosso poder, dos nossos direitos, da nossa história... Estamos cientes do que nos foi usurpado e da necessidade de retomar o nosso lugar de fala. Todavia, mesmo com a nossa consciência ativa e sendo trabalhada diariamente num progresso perceptível e constante, o racismo continua se fazendo presente.
Muito provavelmente porque a teoria antirracista, num sentido amplo, tem se preocupado em estudar mais o oprimido opressor.
O mês é da consciência negra, mas precisamos falar sobre branquitude. Porque enquanto os brancos não tiverem consciência dos seus privilégios, subjetivos e objetivos, eles continuarão contribuindo para a reprodução do preconceito racial. Muitos não percebem, não reconhecem, outros procuram se vitimizar, tentando sair do lugar de opressor, e outros reconhecem, mas tem dificuldade de abrir mão.
que
o
Como é difícil abrir mão de privilégios, não é mesmo!? Acredite, é bem mais difícil ser negro no Brasil!
Não adianta se dizer colaborador com a nossa luta se não está disposto(a) a ceder o seu lugar de protagonismo, a sua grande chance de ser reverenciado(a), ao perceber que aquele não é o seu lugar: “Deveria ser um negro(a), mas não fui capaz de abrir mão da oportunidade.”
Percebo que a necessidade de se alimentar o ego de alguma forma se torna mais importante do que o real sentido de contribuir com o movimento. Então, a vontade de se sobressair é maior que a de partilhar, quando, na verdade, toda contribuição nada mais é que o justo, dentro do processo de reparação.
É preciso que estejamos em alerta.
A lógica do sistema, volta e meia, dá sinais que tudo se mantém: nós fazemos, eles lucram! E, assim, a síndrome da princesa Isabel vai se alastrando, criando aparentes defensores. Eles fazem de conta que estão nos libertando, nós não aceitaremos mais fingir liberdade.
Consciência, brancos, contamos com vocês!