Os ventos que movem a indústria baiana
Os bons ventos que sopram no sertão baiano e geram energia limpa e em abundância são a nova aposta da indústria siderúrgica e petroquímica do estado para ganhar mais competitividade. Primeiro, foi a Companhia de Ferro Ligas da Bahia (Ferbasa) que investiu R$ 450 milhões na aquisição do Complexo Eólico Guirapá, localizado entre os municípios de Pindaí e Caetité. Ontem, foi a vez da Braskem anunciar um acordo com a francesa EDF Renewables para a compra de energia do Complexo Eólico Folha Larga - ainda em fase de implantação - em Campo Formoso. O valor do contrato, que terá duração de 20 anos, alcança também recursos da ordem de R$ 450 milhões.
“Esta é a primeira vez que a companhia incorpora a energia eólica dentro da sua matriz energética. A Bahia é um estado de destaque nacional nesta área, com um potencial fantástico, e era desejo da empresa que este processo começasse por aqui”, disse Gustavo Checcucci, diretor de energia da Braskem, acrescentando que a iniciativa agrega três componentes fundamentais para companhia: a energia gerada pelos ventos é economicamente competitiva, ambientalmente sustentável e tem um forte apelo social.
“Ao investir numa matriz limpa e sustentável como essa, deixaremos de emitir 325 mil toneladas de CO² na atmosfera ao longo do período do contrato”, destacou Checcucci, lembrando ainda que o projeto de Folha Larga também vai gerar novos empregos diretos e indiretos no semiárido baiano, mais renda por meio do pagamento de arrendamentos das terras onde serão instalados os aerogeradores, além de promover a fixação do homem no campo.
No Complexo Eólico Folha Larga, na zona rural de Campo Formoso, a 350 km de Salvador, a EDF possui dois projetos, conquistados nos leilões de abril e agosto de 2018, com capacidade de geração de 294 MW. Deste total, 33 MW serão destinados à Braskem. É energia suficiente para atender 84 mil residências (cerca de 300 mil pessoas), ou uma cidade do porte de Camaçari. O fornecimento do insumo para a companhia petroquímica será iniciado em janeiro de 2021.
“A energia vai atender as nossas unidades do Polo de Camaçari e de Alagoas”, informou Checcucci, acrescentando que o contrato com a Braskem vai permitir à EDF, por exemplo, agilizar o processo de
Na Bahia, a Ferbasa foi pioneira neste tipo de investimento. No final do ano passado, a principal fornecedora de ferroligas do Brasil e única produtora de ferrocromo das Américas decidiu apostar na autossuficiência energética e comprou por R$ 450 milhões o Complexo Eólico Guirapá, composto por sete parques eólicos (Angical, Caititu, Coqueirinho, Corrupião, Inhambu, Tamanduá Mirim e Teiú), 92 aerogeradores e 170 MW de capacidade. O empreendimento pertencia ao Santander Investimentos e à Brazil Wind S.A.
As centrais eólicas já estão em fase operacional. Na época da negociação para a compra do complexo, a empresa baiana afirmou - em fato relevante - que “a operação está inserida na estratégia da companhia de ampliar sua competitividade no setor de mineração, metalurgia e de recursos florestais, por meio do investimento no segmento energético, complementar as suas atividades, que fará com que a companhia
O diretor da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Murilo Xavier, destaca três pontos importantes nos investimentos do setor industrial baiano na produção e geração de energia limpa. “O primeiro é a preocupação com a sustentabilidade. É muito interessante para o estado constatar grandes grupos, como a Ferbasa e a Braskem, que são consumidores relevantes de energia, em busca de soluções alternativas e que vão de encontro ao desenvolvimento sustentável”, afirmou.
Ele destacou ainda a geração de emprego e renda . Outro fator importante - acrescentou ele - é a mitigação de riscos. “O que verificamos é que essas empresas estão buscando garantir o fornecimento ou previsibilidade deste fornecimento, além da redução dos custos com o insumo”, afirmou Xavier, lembrando que este ano as contas de energia no mercado subiram quase 17% para o setor industrial.