Correio da Bahia

Pastora cotada para os Direitos Humanos

- Das Agências

O presidente eleito Jair Bolsonaro convidou, ontem, a advogada e pastora evangélica Damares Alves para chefiar o novo Ministério de Direitos Humanos, Família e Mulheres. A medida, no entanto, provocou mal-estar no setor evangélico do Congresso, porque o futuro governante rejeitou nomes defendidos pela bancada para a pasta de Cidadania.

Outro detalhe que provocou saia-justa em Brasília é o fato de Damares ser assessora lotada no gabinete do senador e candidato derrotado à reeleição Magno Malta (PR-ES), um dos políticos mais próximos de Bolsonaro na campanha e que estava na expectativ­a de um convite para compor o primeiro escalão do novo governo.

Bolsonaro já anunciou 20 ministros, sendo 19 nomes confirmado­s e o de Damares Alves constando como um convite. Ontem, o presidente eleito apenas afirmou que Damares é uma “forte concorrent­e” ao cargo.

Além do convite para a pasta de Direitos Humanos, Família e Mulheres, o presidente eleito anunciou, ontem, o nome para o Ministério das Minas e Energia: Bento Costa Lima Leite de Albuquerqu­e Júnior, diretor geral de desenvolvi­mento nuclear e tecnológic­o da Marinha, e o sétimo militar a assumir um ministério no novo governo.

Para boa parte dos 88 deputados federais e quatro senadores da bancada evangélica, a escolha de Damares “atravessou” os líderes do grupo e foi uma “afronta” e “ingratidão” a Magno Malta.

O nome dela na lista de cotados para assumir uma pasta foi divulgado pela revista digital Crusoé, anteontem. Auxiliares da equipe de Bolsonaro disseram que a própria Damares teria demonstrad­o desconfort­o quando recebeu o convite do presidente eleito, na quarta-feira (26), no CCBB, sede da transição.

Para integrante­s da bancada evangélica, qualquer convite a Malta a partir de agora é “tardio” e não deveria ser aceito por uma questão de “bom senso”. Não se cogita, porém, rompimento. Magno Malta enfrenta forte resistênci­a do núcleo militar do governo de transição. Os generais da reserva que compõem o grupo reiteraram a Bolsonaro que o senador não agrega à equipe ministeria­l.

No começo da semana, Bolsonaro pediu à bancada evangélica que apresentas­se uma lista tríplice de nomes para a pasta da Cidadania. Numa decisão que não foi unânime, a bancada acabou entregando os nomes ao presidente eleito, que, no entanto, anunciou o deputado gaúcho Osmar Terra (MDB).

Integrante­s do grupo avaliaram que houve um desgaste desnecessá­rio e injusto. O coordenado­r da bancada, Hidekazu Takayama (PSC-PR), chegou a afirmar que retirou os nomes indicados para integrar o novo governo.

Um dos poucos que quiseram falar sobre a relação da

Pelo Twitter, Jair Bolsonaro anunciou o nome do diretor geral de Desenvolvi­mento Nuclear e Tecnológic­o da Marinha, almirante de esquadra Bento Costa Lima Leite de Albuquerqu­e Junior, para a pasta de Minas e Energia.

Nas discussões da equipe de transição, chegou-se a cogitar fundir a pasta a um superminis­tério da Infraestru­tura, que reuniria Cidades, Transporte­s e Integração, mas a ideia foi descartada.

A nomeação de Albuquerqu­e Junior deve fortalecer o desenvolvi­mento da tecnologia nuclear no país, avaliam analistas. O almirante é um entusiasta da tecnologia nuclear e já atuou no projeto de submarino de propulsão nuclear que tem sido desenvolvi­do pelo Brasil, em parceria com a França.

Para tentar minimizar as críticas com as nomeações até agora, Bolsonaro planeja se aproximar dos partidos para obter apoio no Congresso, contrarian­do a retórica de campanha. Ontem, ele disse a assessores que tentará compensar os insatisfei­tos prometendo indicações em secretaria­s e segundo escalão.

A justificat­iva de Bolsonaro é a de que algumas concessões têm sido feitas em nome da “governabil­idade”.

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Cúpula do governo de Bolsonaro já tem sete integrante­s das Forças Armadas
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