Correio da Bahia

Novo lote sairá em fevereiro

- *A JORNALISTA VIAJOU PARA MINAS GERAIS A CONVITE DA NOVO NORDISK

de Endocrinol­ogia da Bahia, Joaquim Custódio da Silva Júnior explica que o usuário deve calcular a quantidade de carboidrat­os e, a partir daí, definir a dosagem. “Se vai comer um pão francês de 30 gramas, a unidade de insulina consegue compensar 15 gramas, então tem que tomar duas unidades”.

Ainda segundo ele, a alimentaçã­o tem um papel chave no tratamento do diabetes e é necessário um controle das calorias e dos carboidrat­os, que viram açúcar e aumentam a glicemia mais rápido. “A gente estimula o paciente a aprender como o organismo reage aos alimentos para que ele possa fazer os ajustes de acordo com essa realidade. Não existe uma receita de bolo pronto”.

Com certeza você já ouviu aquele ditado que diz que você é o que você come. No caso dos pacientes com diabetes, o que ele come vai impactar diretament­e na forma como a doença se manifesta. “Um lema que eu estabeleci é que o que nos mata não é a exceção, é a rotina. Todo mundo tem direito a ter seus dias de exceção e comer um brigadeiro, o que quiser, mas quanto melhor ele faz o ajuste de dose de insulina para aquela comida, menos impacto vai ter”.

A representa­nte da SBD ressalta que, hoje, além da insulina, os pacientes do SUS têm acesso a 100 fitas por mês para medir a glicemia. “Às vezes ele fura o dedo três vezes ao dia e não sabe que atitude tomar diante do glicosímet­ro”.

Ela diz que é preciso haver ações mais didáticas para esses pacientes, sugerindo, por exemplo, uma tabela com a quantidade de refeição fixa e a dosagem de insulina indicada, que vai aumentando de acordo com a glicemia. “Ele vai furar o dedo, olhar a tabelinha e fazer o que está previsto. É possível melhorar o controle com coisas que a gente já tem disponível. Os pacientes mais elaborados fazem a contagem do carboidrat­o. Existem aplicativo­s gratuitos para contar os carboidrat­os e estimar a dose de insulina”, informa. Em uma área de 64 mil metros quadrados, equivalent­e a sete campos de futebol, em Montes Claros, Minas Gerais, as máquinas praticamen­te não descansam. Param apenas duas vezes no ano: no Natal e no Réveillon. É na fábrica, considerad­a a maior unidade de produção de insulinas da América Latina, que mil funcionári­os se desdobram dia e noite para dar conta de uma produção que representa 15% da insulina consumida no mundo e 25,8% de toda a exportação nacional de medicament­os.

Trata-se da fábrica da Novo Nordisk, a responsáve­l por produzir a insulina análoga rápida em caneta adquirida pelo Ministério da Saúde que está sendo distribuíd­a, pela primeira vez, gratuitame­nte, pelo SUS. Em janeiro de 2018, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu à fábrica autorizaçã­o para fornecimen­to da insulina análoga de ação ultra-rápida – insulina asparte – ao mercado brasileiro.

O edital do MS definiu a aquisição de, aproximada­mente, 8 milhões de canetas. Segundo a diretora de Acesso a Mercado, Relações Institucio­nais e Comunicaçã­o da marca, Simone Tcherniako­vsky, o primeiro lote foi entregue em novembro e o segundo será em fevereiro. Cada caneta foi vendida para o SUS no processo licitatóri­o por R$ 12.70.

“O fato de o governo fornecer é uma evolução, embora esteja no mercado privado há mais tempo. Para o SUS, a gente tem que olhar o impacto orçamentár­io para a população como um todo. Nesse caso, ele olhou só para os pacientes do tipo 1, que já é uma população grande”, considera Simone.

Atualmente, há três tipos de insulinas produzidas pela Novo Nordisk na planta de Montes Claros que são adquiridas pelo MS e distribuíd­as pelo SUS: a ultrarrápi­da em caneta, a NPH e a regular, tanto em frasco quanto em caneta. A partir de janeiro, a fábrica começa a fornecer também a insulina NPH em caneta, que até hoje só vinha sendo fornecida em frasco. A quantidade vai representa­r 15% da demanda hoje da NPH.

Vice-presidente e gerente geral da Novo Nordisk no Brasil, Allan Finkel reconhece que o percentual ainda é pequeno, mas ele acredita que essa aquisição deve crescer no futuro. “Se você olha anos atrás, quando o Ministério da Saúde padronizou a insulina NPH ainda em frasco, era uma quantidade muito menor. Em 2007 se falava em 9 milhões de frascos. Hoje o ministério compra 20 milhões, agora vai comprar as canetas. O processo agora deve ser exatamente o mesmo. Ele está iniciando, até porque não faz sentido comprar pra fazer um estoque, mas o próprio ministério deixa claro que a ideia é suprir uma quantidade cada vez maior de pacientes do SUS”.

Na avaliação de Finkel, o programa do Ministério da Saúde já é considerad­o bom, mas ao dar essa flexibilid­ade para o paciente, ele considera que está dando um pulo cada vez maior para que haja um melhor controle do diabetes e, consequent­emente, uma melhor qualidade de vida dos pacientes.

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