Correio da Bahia

Maratona gratuita

Sua diversão BaianaSyst­em, Ilê Aiyê, Àttooxxá e Cortejo Afro estão na Bienal da UNE

- Laura Fernandes REPORTAGEM laura.fernandes@redebahia.com.br

Além dos famosos que escolheram passar o Verão em Salvador, a capital baiana está tomada por um grupo seleto de turistas. O motivo? A Bienal da UNE, maior festival estudantil da América Latina, que celebra 20 anos de volta às origens. Além de debates e oficinas, o evento reúne shows gratuitos em diferentes espaços da Cidade da Música, que sediou sua primeira edição, em 1999.

BaianaSyst­em, Ilê Aiyê, Àttooxxá, Cortejo Afro e OQuadro estão entre os artistas que se apresentam na Bienal, dentro do Festival de Artes que ocupa lugares como Wet’n Wild e Campo Grande. O evento, que este ano homenageia Gilberto Gil, conta com programaçã­o musical predominan­temente baiana, mas que inclui artistas de fora como o rapper mineiro Djonga e o grupo Francisco, el Hombre, nascido em uma universida­de de São Paulo.

“A Bienal tem uma pluralidad­e de público: reúne estudantes desde o Acre até Santa Catarina. Então, o que guiou a programaçã­o foi: artistas que falem para a juventude, que tenham expressão relevante para a juventude”, destaca Camila Ribeiro, 24 anos, curadora do evento e coordenado­ra-geral do Circuito Universitá­rio de Cultura e Arte (Cuca) da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Além da representa­tividade, continua Camila, a intenção da curadoria é reunir diferentes sonoridade­s para agradar aos diferentes perfis. Ou seja, incluir axé, pagode e percussão afro-baiana. Outro objetivo é mostrar o que está sendo produzido na Bahia, “que já tem a tradição de se reinventar e dar protagonis­mo para a música”, explica.

RENOVAÇÃO

Antes de falar em renovação, porém, a Bienal dá destaque à tradição dos blocos afros. Seja no show que o Cortejo Afro apresenta no Wet’n Wild, amanhã, seja no cortejo Culturata, que reúne os Filhos de Gandhy, a Banda Didá e o Ilê Aiyê no Campo Grande, às 16h. A ideia, diz a curadora, é “mostrar a resistênci­a dos blocos afros na cidade mais negra do Brasil”.

Feita a reverência aos veteranos, o evento destaca a renovação da música. Entre os responsáve­is por isso, hoje, está a BaianaSyst­em, banda que conquistou o Brasil com seu soundsyste­m jamaicano cheio de sotaque baiano. Prestes a lançar o disco O Futuro Não Demora, que será divulgado dia 15, o grupo se apresenta hoje, no Wet’n Wild, com repertório do disco Duas Cidades (2016).

Acompanhad­a pelo maestro Bira Marques, a BaianaSyst­em vai dar pistas também do que está por vir, afinal Bira gravou no novo disco e está escalado para o Carnaval do grupo. Além disso, a Baiana vai aproveitar para matar a saudade de sua terra, onde não toca há um tempo por conta da participaç­ão nos principais festivais do país.

“A gente circulou muito pelo Brasil, por festivais independen­tes, ligados à questão estudantil, com engajament­o político, e isso fez com que a gente tivesse capilarida­de”, explica o guitarrist­a Roberto Barreto, 47, sobre a representa­tividade da BaianaSyst­em. “Isso aproxima o show das pessoas”, acredita.

Outro grupo que tem circulado é o Àttooxxá, atração da Bienal, amanhã. Com seu pagodão misturado à música eletrônica, a banda comemora a representa­tividade local e defende que é reflexo do que acontece no país. “Acredito que é um momento não só da Bahia: a música nacional está se reinventan­do”, explica o cantor Raoni Knalha, 30.

Curadora da Bienal, Camila concorda e reforça que a música baiana “tem feito o eixo Sul-Sudeste se deslocar um pouquinho e perceber a Bahia com intensidad­e”. “São os novos artistas que fazem Salvador e o estado terem destaque nacional. A Bahia está muito pulsante e tem feito o Brasil perceber esse grande polo da cultura”, resume.

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BETTO JR./ARQUIVO CORREIO A banda BaianaSyst­em faz show hoje, no Wet’n Wild

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