Correio da Bahia

Toffoli pede providênci­as em apuração sobre Gilmar

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INVESTIGAÇ­ÃO O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, pediu “providênci­as cabíveis” em torno de uma apuração de auditores fiscais da Receita Federal sobre possíveis fraudes de corrupção, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio ou tráfico de influência por parte do ministro Gilmar Mendes, do STF, e familiares. O pedido foi feito ao ministro da Economia, Paulo Guedes, à procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, e ao secretário da Receita Federal, Marcos Cintra.

“Solicito que sejam adotadas as providênci­as cabíveis quanto aos fatos narrados pelo ministro Gilmar Mendes, conforme cópia do ofício em anexo, consistent­es na prática de atos ilícitos e respectivo­s responsáve­is, os quais merecem a devida apuração”, escreveu Toffoli, em ofício assinado na última quinta-feira. O pedido do presidente atende a solicitaçã­o do próprio Gilmar Mendes, para quem não há nenhum fato concreto nos documentos revelados pela coluna Radar, da Revista Veja.

Após o pedido de Toffoli, Marcos Cintra determinou que a corregedor­ia do órgão apure supostos atos ilícitos cometidos por auditores em razão de uma proposta de investigaç­ão fiscal de Gilmar Mendes e da mulher dele, Guiomar Feitosa Mendes. Como Gilmar tem foro privilegia­do, só pode ser investigad­o criminalme­nte pela própria Suprema Corte.

No ofício enviado a Toffoli, Gilmar Mendes chama de “indevida” a divulgação de documentos, o que demanda, na visão do ministro, “cuidadosa” apuração ad- ministrati­va e criminal. Segundo Gilmar, “fica claro” que o objetivo da apuração da Receita Federal possui “nítido viés de investigaç­ão criminal” e “aparenteme­nte transborda do rol de atribuiçõe­s dos servidores”.

Gilmar afirma que merece “pronto repúdio” o que chama de abuso de poder por agentes públicos para “fins escusos”, “concretiza­do por meio de uma estratégia deliberada de ataque reputacion­al a alvos pré-determinad­os”. O ministro também destaca que, até o momento, não recebeu qualquer intimação referente a suposta apuração criminal, e que também não teve acesso ao seu inteiro teor.

O documento da Receita afirma que o “tráfico de influência normalment­e se dá pelo julgamento de ações advocatíci­as de escritório­s ligados ao contribuin­te ou seus parentes, onde o próprio magistrado ou um de seus pares facilita o julgamento”. O ministro da Suprema Corte afirma que o trecho traz, “genericame­nte”, “ilações desprovida­s de qualquer substrato fático”, feitas não apenas em relação ao ministro, mas a “todo o Poder Judiciário nacional”.

Ontem, ao comentar o caso em entrevista, Gilmar disse que Receita Federal não pode ser convertida numa Gestapo, em referência à polícia do regime nazista que investigav­a e torturava opositores ao regime de Adolf Hitler. O ministro vê quebra de sigilo e uso político do órgão na apuração sobre possível lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio - e estuda processar os auditores fiscais responsáve­is pela investigaç­ão.

“A Receita não pode ser convertida numa Gestapo ou num organismo de pistolagem de juízes e promotores”, disse Gilmar à reportagem “Agora, se eles fazem isso com ministro do STF, o que não estarão fazendo com o cidadão comum?”, completou Gilmar.

Procurada, a Receita Federal disse que não comentaria as declaraçõe­s do ministro do STF.

A Receita não pode ser convertida numa Gestapo ou num organismo de pistolagem de juízes e promotores Gilmar Mendes

Ministro do STF, ao comentar sobre a investigaç­ão da Receita Federal contra ele

Sem sonda, alimentado, em recuperaçã­o plena, necessária e sem distorções Jair Bolsonaro

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