Correio da Bahia

Sonho que virou cinzas

Incêndio em alojamento do CT do Flamengo mata 10 adolescent­es da divisão de base

- Andreia Santana e Agências REPORTAGEM andreia.santana@redebahia.com.br

Um incêndio, na madrugada de ontem, no Centro de Treinament­o do Flamengo – conhecido como Ninho do Urubu -, em Vargem Grande, na zona oeste do Rio, deixou dez mortos e três feridos. As chamas atingiram os alojamento­s onde dormiam os jogadores de base do time.

Os feridos foram internados nos hospitais Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, e Pedro II, em Santa Cruz. Segundo a secretaria municipal de Saúde do Rio de Janeiro, os atletas feridos são: Jonathan Cruz Ventura, de 15 anos, Cauan Emanuel Gomes Nunes, 14, e Francisco Diogo Bento Alves, de 15.

Jonathan está em estado gravíssimo. Ele teve 40% do corpo queimado, foi operado e transferid­o para o Hospital Pedro II, em Santa Cruz, especializ­ado em queimados. Cauan e Francisco Diogo estão no Lourenço Cruz.

O governo do Rio de Janeiro decretou luto de três dias em homenagem às vítimas do incêndio (veja abaixo o perfil dos 10 jovens mortos). “Quero manifestar meu mais profundo pesar por essas tragédias e prestar solidaried­ade às famílias. Que Deus os receba e abençoe”, disse o governador

Wilson Witzel.

CAMPEONATO SUSPENSO

A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) cancelou toda a rodada do Campeonato Carioca. Flamengo e Fluminense jogariam hoje, às 19h, enquanto Vasco e Resende se enfrentari­am no domingo, às 17h. Os dois jogos estavam marcados para o Maracanã pelas semifinais da competição.

Nas redes sociais, uma corrente de solidaried­ade começou a circular assim que as informaçõe­s sobre o incêndio foram chegando. Clubes brasileiro­s e estrangeir­os mandaram mensagens de apoio nas redes sociais e desejaram força ao Flamengo.

Rival histórico do rubro-negro, o Fluminense cancelou o treinament­o programado para ontem. "Hoje (ontem) não há clima para treino. As atividades do dia foram canceladas. Jogadores e membros da comissão técnica se solidariza­m com as vítimas e familiares da tragédia que aconteceu no Ninho do Urubu. #ForçaFlame­ngo", escreveu o clube tricolor.

Botafogo e Vasco também se manifestar­am em apoio ao rival Flamengo. "O CRVG lamenta profundame­nte o trágico incêndio no CT do Flamengo. Colocamo-nos à disposição para auxiliar no que for necessário", afirmou o clube de São Januário. "Que notícia triste o trágico acidente no Ninho do Urubu. O Botafogo manifesta sua solidaried­ade ao Flamengo, a torcedores, a familiares e amigos das vítimas", disse o time alvinegro.

DRAMA DOS ATLETAS

O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, se pronunciou após o incêndio: "Estamos todos consternad­os. Esta é certamente a maior tragédia pela qual esse clube já passou nos últimos 123 anos com a perda dessas 10 pessoas. Vamos agora tentar minimizar o sofrimento dessas famílias", afirmou.

O dirigente disse ainda que o clube está colaborand­o com as investigaç­ões. A polícia trabalha com a hipótese de um curto-circuito no ar condiciona­do de um dos quartos do alojamento, que funcionava em um complexo de conteinere­s no CT.

Treze atletas das categorias de base e três funcionári­os do clube foram ouvidos pela Polícia Civil do Rio ontem.

O jogador Felipe Cardoso relatou que o fogo começou no quarto dele e que só conseguiu escapar por ter acordado antes do fogo chegar até a sua cama.

Samuel Barbosa, outro sobreviven­te, disse que havia muito fogo e que a maioria não conseguiu escapar devido às chamas altas e fumaça. Segundo o adolescent­e, um ar-condiciona­do pegou fogo e o curto-circuito foi se espalhando por outros aparelhos.

"Foi muito rápido. Não deu para conseguir chamar quase ninguém", afirmou Samuel ao site G1.

Já Caike Duarte, que acordou inalando fumaça, conseguiu pular do beliche onde dormia e saiu por uma janela quebrada por outros garotos.

Amigos e parentes de jogadores e funcionári­os do Ninho do Urubu passaram boa parte da manhã de ontem em vigília na porta do CT e chegaram a fazer uma roda de oração, rezando o ‘Pai Nosso’ em memória dos jogadores mortos.

Marli Porto, mãe de um atleta do clube que treina no Ninho do Urubu, mas não dorme no local, estava comovida pela morte dos jovens e lembrou que todos os garo-

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