Anvisa interdita parte da Bahiafarma
escolhida por sua mobilização social, através de entidades como associações de moradores, e porque tinha uma alta incidência de leptospirose.
“Pau da Lima é representativa das comunidades urbanas mais vulneráveis no Brasil e no mundo. O que a gente faz nesse local serve como modelo para outras áreas do Brasil e do mundo”, diz.
Os participantes do estudo tinham que ser mais velhos do que 5 anos de idade, morar na comunidade e dormir pelo menos quatro noites no local. Antes do surto de zika, cerca de 80% dos moradores já tinham sido infectados por dengue.
O material coletado foi processado na Fiocruz Bahia. “Mostramos que trabalhando de forma organizada, você pode aumentar o conhecimento científico, gerar evidência para tomada de decisões políticas futuras e formar e capacitar recursos humanos”, destacou o pesquisador Mitermayer Galvão dos Reis, da Fiocruz Bahia.
OUTRAS LINHAS
Os pesquisadores continuam com outras linhas de investigação. Entre elas, o desenvolvimento das crianças que nasceram no período do surto da zika, e a possibilidade de uma infecção por zika proteger da dengue no futuro.
A partir de agora, a pesquisa deve influenciar mais estudos na área. Uma das possíveis repercussões deve ser no campo das vacinas. No Brasil, já existe uma vacina contra dengue aprovada.
“O fato de que anticorpos contra a dengue podem prevenir a zika poderia sugerir que essas vacinas de dengue poderiam ser efetivas contra a zika também”, diz Federico. Além disso, os dados do estudo devem ser utilizados para monitorar as previsões de possíveis momentos de reintrodução do vírus zika.
A avaliação dele é que a publicação do estudo coloca o ISC e a Fiocruz entre as principais instituições de pesquisa do mundo. “Esse trabalho foi feito com pessoas daqui, estudantes de Salvador, mostrando como o trabalho aqui é de elevada qualidade. Se a pessoa tem barreira contra infecção de zika, pode ter barreiras contra as doenças que a zika causa, como doenças neurológicas e microcefalia em crianças”, pondera o professor Federico. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) interditou, anteontem à noite, parte da produção da Bahiafarma - laboratório farmacêutico mantido pelo estado da Bahia. A medida foi tomada após a divulgação, também anteontem, de que o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) tinha reprovado testes rápidos para diagnóstico de dengue, zika e chikungunya feitos pelo laboratório baiano.
Os testes foram comprados pelo Ministério da Saúde e estavam sendo utilizados no Sistema Único de Saúde, quando estados como Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Acre e Goiás apontaram problemas. Alguns lotes foram enviados para análise e os resultados indicaram baixa sensibilidade - risco de o paciente com a doença ser considerado saudável.
Já a ação da Anvisa aconteceu logo após uma inspeção da agência na linha de produtos para saúde da empresa. De acordo com o órgão, a interdição tem caráter preventivo. A medida será publicada nos próximos dias no Diário Oficial da União e pode durar por até 90 dias.
Através da assessoria, a Bahiafarma informou que são “improcedentes” as informações de que os testes foram reprovados. Segundo o laboratório, análises de controle feitas pelo INCQS em setembro do ano passado aprovaram os testes rápidos de dengue, mas apontaram “inconformidades” em um lote do teste de chikungunya e em outro de zika – este com data de validade vencida.
Os testes comprados em 2017 foram distribuídos para todos os estados no ano passado, quando alguns começaram a apontar inconsistência. Alguns estados chegaram a suspender os testes.
A Bahiafarma informou que os produtos passaram por inspeções sanitárias e avaliações de qualidade de desempenho, mas ponderou que fatores ambientais podem interferir nos resultados. “A Bahiafarma segue confiante na qualidade de seus produtos ofertados SUS ao tempo em que está procedendo com todas as análises e ritos previstos pela legislação”, disse, em nota.
1.453 moradores de Pau da
Lima foram acompanhados ao
longo de 2015