Correio da Bahia

Opiniões fortes e humor sarcástico

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A internet “quebrou” em 2015, quando o jornalista Ricardo Boechat, então com 63 anos, um respeitáve­l pai de seis (cinco moças e um rapaz), postou um vídeo na rede para incentivar a vacinação de idosos. Em determinad­o momento, abriu a camisa e exibiu um sutiã cor-de-rosa.

O vídeo teve milhares de compartilh­amentos, foi parar nos trending topics (temas mais comentados do Twitter) e fez a fama do comentaris­ta com a geração dos nativos digitais, amantes de uma boa “zoeira”.

Debochado, sarcástico e polêmico, Ricardo Boechat tinha um estilo de apresentar notícias bem peculiar e que lhe valia audiência fiel tanto dos mais jovens quanto dos mais velhos, dos liberais e dos ultraconse­rvadores.

Sem papas na língua, comprava briga com pastores evangélico­s, políticos e colegas de profissão. Em algumas vezes, chegou a responder processos, como em 2011, quando criticou o ex-senador e ex-governador do Paraná Roberto Requião, porque o político tomou o gravador das mãos de um repórter em uma entrevista.

Para os admiradore­s do profission­al, no entanto, co mo o padre Fábio de Mello, Ricardo Boechat, além de um dos mais premiados e reconhecid­os jornalista­s do país - ganhou o Prêmio Esso três vezes e acumulava 17 prêmios Comunique-se -, era também “uma consciênci­a lúcida”.

DE APRENDIZ A MESTRE

Ricardo Boechat começou no jornalismo nos anos 1970, no Diário de Notícias, como assistente do colunista Ibrahim Sued. De lá, seguiu com Sued – que ele considerav­a seu mestre - para o jornal O Globo, onde trabalhou por 14 anos. A admiração por Ibrahim, no entanto, não impediu que os dois brigassem e, nos anos 1980, Boechat trocou O Globo pelo Jornal do Brasil.

De volta a O Globo, ganhou sua própria coluna: “Boechat” e, em 1997, passou a ser comentaris­ta no Bom Dia Brasil, na TV Globo. Nesta época, sua coluna impressa era a mais lida no jornal carioca e referência nos jornais impressos, pautando dezenas de redações do país.

Também foi professor de Jornalismo e ajudou diversos colegas. Miriam Leitão, ao recordar o amigo e colega, disse que ele a ajudou “em momentos difíceis”.

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