Correio da Bahia

Polícia investiga assassinat­o de aposentada em sítio na RMS

- TAILANE MUNIZ

LAURO DE FREITAS Quase 24 horas após encontrar a esposa morta dentro da própria casa, um sítio em Lauro de Freitas, na Região Metropolit­ana de Salvador, o motorista Arnaldo Miguel do Nascimento, 69 anos, diz que não consegue esquecer a cena.

Ele saiu para trabalhar durante anteontem de madrugada e deixou a esposa, a aposentada Sônia Maria Pontes, 62, em casa, dormindo. Quando retornou, já no fim da tarde, por volta das 18h30, ela estava sentada na cama do casal, com um travesseir­o preso à cabeça, já morta.

Arnaldo conta que os dois braços da vítima estavam “bem presos” nas costas, amarrados com o fio de um ventilador. Emocionado, ele conversou com o CORREIO e disse que nunca imaginou viver a tristeza de enterrar a companheir­a, com quem era casado há 46 anos.

No enterro, realizado na tarde de ontem, no Cemitério Bosque da Paz, ele lamentou a crueldade com que a mulher foi morta.

“Saí para trabalhar e o covarde esperou eu me afastar para fazer essa maldade com minha mulher. Foi horrível”, repetia ele, no enterro.

Por enquanto, não há pistas de quem seja o assassino. A única informação é que ele fugiu do local do crime por volta de 6h30, usando o próprio carro da idosa, um Onix prata, placa PKI 2674.

Em nota, a Polícia Civil afirmou que a 27ª Delegacia (Itinga), responsáve­l pela investigaç­ão do crime, trabalha com a possibilid­ade de latrocínio (roubo seguido de morte). Ainda de acordo com a polícia, além de carro e celular, outros objetos de valor, que não foram informados, também foram roubados.

Arnaldo não tem informaçõe­s concretas, mas acredita que o crime foi cometido assim que ele saiu de casa, às 3h30. No dia do crime, Arnaldo contou que só voltou para casa às 18h30, porque, segundo ele, precisou resolver problemas pessoais, mas um detalhe indica que o crime foi cometido entre 4h e 6h da manhã: um vizinho da família garante que viu o momento em que o assassino fugiu com o veículo do casal.

Ao CORREIO, o aposentado Carlos da Conceição de Jesus, 63, disse que por volta das 6h30, ouviu o barulho do portão de dona Sônia, como chamava a vizinha de porta.

“Eu tinha acabado de voltar da Ceasa e minha esposa avisou que tinha alguma coisa errada. Quando saí para olhar, vi o carro saindo e o portão aberto. Fui lá, achei estranho, cheguei até a piscina, mas não vi ninguém”, lembrou. O casal tinha quatro filhos. ASSALTOS A Bahia registrou cinco ataques a carros-fortes até anteontem - um aumento de 400% em relação ao mesmo período de 2017 e 2018, quando houve apenas um caso.

As cinco ações criminosas já se igualam à quantidade de registros até 11 de abril de 2018. O ataque mais recente foi anteontem, quando seis pessoas ficaram feridas numa troca de tiros, durante uma tentativa de assalto a um carro-forte em um supermerca­do no bairro do Cabula, em Salvador.

Dos cinco ataques deste ano, quatro ocorreram em Salvador, sendo três tentativas e um consumado. A outra ocorrência foi em Juazeiro, no Norte da Bahia, onde os bandidos explodiram um carro-forte no dia 31 de janeiro. Até 1º de fevereiro deste ano, também foram registrado­s cinco ataques a agências bancárias no estado.

Presidente da Confederaç­ão Nacional dos Trabalhado­res de Segurança Privada (Contrasp), João Soares vê a necessidad­e da troca de armamento para os vigilantes, que “possuem um armamento defasado e estão sendo cassados no exercício da profissão, vítimas do crime organizado”.

Para o presidente da Associação Brasileira de Transporte de Valores (ABTV), Ruben Schechter, os bandidos têm optado mais por atacar os carros-fortes pela maior vulnerabil­idade na segurança. “Eles atacam nas estradas ou quando as equipes estão no desembarqu­e, seja na porta da empresa ou do banco”, declarou.

A Secretaria da Segurança Pública da Bahia informou que, sete criminosos foram presos e quatro mortos durante confrontos em 2019. Um dos mortos, ontem, foi Elenilson Gonçalves dos Santos, 30 anos, o Caneludo. Ele possuía quatro mandados de prisão por roubos a banco e carro-forte, além de homicídio e tráfico de drogas.

18 ações

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REPRODUÇÃO Sônia Maria Pontes, 62 anos

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