Vale sabia de risco em barragem desde 2018
BRUMADINHO A Vale já sabia, desde outubro do ano passado, que a barragem em Brumadinho e outras nove em Minas Gerais estavam enquadradas em uma categoria de atenção. Essa informação consta em documento da própria empresa sobre a situação dos reservatórios, tornado público ontem pela Justiça. Os dados foram obtidos pelo Ministério Público de Minas, que moveu ação contra a mineradora.
Segundo informações publicadas pela agência Reuters e confirmadas por fontes ligadas à investigação, dois relatórios da Vale, um de 2017 e outro de 2018, indicam também que a mineradora sabia dos riscos de rompimento da barragem 1 da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, que deixou ao menos 165 pessoas mortas. Outras 155 ainda estão desaparecidas.
Em 31 de janeiro, seis dias após o rompimento da barragem, o MP havia solicitado à Vale informações do setor de gestão de risco geotécnico da empresa. De 57 estruturas avaliadas, dez estavam enquadradas na Zona de Atenção (Alarp Zone), entra elas a de Brumadinho, cujos dados da companhia atestavam a possibilidade de erosão interna e liquefação, causa também apontada pela Polícia Federal como hipótese para o desastre.
A liquefação ocorre quando o volume - ou a pressão da água na barragem - aumenta por algum motivo. O fenômeno foi responsável pela tragédia em Mariana, em 2015. O material traz ainda gráficos que mostram o “potencial de perda de vida” de barragens da Zona de Atenção. Em cenário sem alerta à população, o risco aumenta em até dez vezes. Em Brumadinho, não houve acionamento das sirenes.
Em entrevista, ontem, o gerente-executivo de Planejamento e Desenvolvimento de Ferrosos e Carvão da Vale, Lúcio Cavalli, negou que os laudos indicavam risco de rompimento em Brumadinho. O executivo disse que os relatórios não indicavam o risco iminente e a barragem estava ‘estável’.
"Tínhamos laudos de estabilidade que indicavam claramente que não existia risco iminente na barragem". MÉDIUM O Tribunal de Justiça de Goiás negou ontem o pedido de habeas corpus feito pela defesa do médium goiano
João Teixeira de Faria, o João de Deus. Denunciado por abuso sexual e por posse ilegal de armas, João de Deus está preso preventivamente em Aparecida de Goiânia.
O pedido negado pela 2ª Câmara Criminal do Tribunal diz respeito apenas ao processo a que o médium responde por manter, em uma de suas residências, em Abadiânia, uma pistola, três revólveres, um deles com numeração raspada, e munição.
As armas foram encontradas escondidas em fundo falso montado no armário de um dos quartos de um dos imóveis alvo de mandados de busca e apreensão cumpridos por policiais civis no dia 19 de dezembro. No local, também foram apreendidos R$ 405 mil em dinheiro. Em seu voto, o desembargador-relator Edison Miguel destacou condições desfavoráveis para o médium, implicado também em processos de abuso sexual.