Correio da Bahia

Otto Perrone

- JOSÉ DE F. MASCARENHA­S FOI COORDENADO­R DA IMPLANTAÇíO DO POLO PETROQUÍMI­CO

No último dezembro Otto Perrone morreu. Nenhum aviso fúnebre, nenhuma notícia na mídia, nenhum sino dobrou para marcar a sua despedida. Apenas uma nota da ACB, frias coroas de flores da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic) e de algumas indústrias na sua cremação no Rio de Janeiro.

Silêncio no Polo Petroquími­co, no governo do estado que teve os seus chefes recentes daí emergidos e na prefeitura de Camaçari enriquecid­a à custa da sua instalação.

Perrone foi o responsáve­l pela coordenaçã­o industrial da instalação do Polo Petroquími­co. Tudo girava em torno dele. Toda ação do governo federal, da Petrobras e dos empresário­s, de uma forma ou outra, passava pelas suas mãos.

Mineiro, fez pela Bahia o que poucos baianos fizeram. Como disse a seus filhos na cremação, receava que a Bahia não soubesse lhe agradecer à altura. Decisões como a do Polo, que envolve o emprego de bilhões de dólares, necessaria­mente têm no campo político os seus responsáve­is principais. Mas de nada adianta decisões que não encontram quem lhes implemente com competênci­a. Ele contou com o apoio de um sem números de executivos e técnicos, mas a cabeça planejador­a e realizador­a era a dele. Com humildade e habilidade.

Não prometeu o céu a ninguém, mas o Polo mudou a vida de muitos aqui na terra mesmo. Até início dos anos setenta, a economia baiana era conduzida pelos componente­s agrícolas. Hoje ela é liderada pela petroquími­ca, que oferece milhares de empregos bem remunerado­s sendo a principal responsáve­l pela relativa afluência da classe média metropolit­ana.

O Polo é projeto único no mundo. Sob sua coordenaçã­o no tempo e na hora o complexo industrial operou. Para uma comparação, cite-se o convite do governo argentino - que aliás deveria ter sido dirigido a ele - para lhes explicar como o feito foi conseguido. É que eles só conseguira­m colocar o conjunto em operação em Baia Blanca dois anos após a conclusão da sua unidade central.

Em feito de menor escala geriu a transferên­cia da CQR de Lobato, onde um vazamento de cloro atingiu milhares de pessoas, para Camaçari a um custo econômico e social mínimo. É incomum a transferên­cia de indústrias químicas de processame­nto contínuo.

Foi presidente da Copene, que vem a ser a atual Braskem, da Norquisa, da Abiquim e do IBP e ainda consultor da delegação brasileira na Convenção sobre Armas Químicas que visava deter a sua fabricação.

Quando for escrita a atual história do desenvolvi­mento industrial do estado ele terá um lugar de destaque. A Bahia haverá de prestar-lhe as justas homenagens.

Perrone foi o responsáve­l pela coordenaçã­o industrial da instalação do Polo Petroquími­co. Tudo girava em torno dele

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