A vida do Tremendão nas telas
Erasmo Carlos surgiu para a música pouco depois de Roberto Carlos. Durante algum momento, os dois até estiveram num patamar de popularidade próximo, especialmente quando apresentaram, junto com Wanderléa, o programa Jovem Guarda. Quando Roberto deixou a TV, sua carreira atingiu um patamar que provavelmente nenhum outro artista brasileiro jamais alcançou.
Erasmo nunca chegou a ser esquecido e até teve alguns sucessos nos anos 1970 e 80 que lhe deram popularidade. Mas para as gerações mais recentes, o Tremendão talvez seja um coadjuvante da Jovem Guarda ou esteja à sombra de Roberto. Felizmente, o filme Minha Fama de Mau - baseado na autobiografia homônima chega para dar ao músico a sua devida importância, especialmente como letrista.
Dirigido por Lui Farias (Com Licença, Eu Vou à Luta/1986), o longa-metragem volta-se para os primeiros anos da carreira de Erasmo, desde a adolescência, quando morava com a mãe na casa do padrinho, até o início dos anos 1970.
Chay Suede (o Ícaro de Segundo Sol) está no papel principal e Gabriel Leone (o Miguel de Sá Ribeiro de Velho Chico) vive Roberto Carlos. Malu Rodrigues, como Wanderléa,
Amizade emociona muito, né? Mais ainda, uma amizade verdadeira como a deles Chay Suede que interpreta Erasmo Carlos, sobre a amizade do cantor com Roberto Carlos
completa o trio principal.
O grande desafio dos três, que já têm experiência com música, foi regravar as canções da Jovem Guarda que estão na trilha do filme. Chay, por exemplo, faz uma emocionante versão de Gatinha Manhosa. E atente para outro belo momento, quando Gabriel Leone canta, acompanhado apenas de piano - que ele mesmo toca - a clássica Amigo, na cena mais emocionante do filme. “Amizade emociona muito, né? Mais ainda, uma amizade verdadeira como a deles, com altos e baixos”, diz Chay Suede.
O filme não esconde esses “altos e baixos” a que Chay se refere e esse é um mérito da produção, que evita o tom chapa-branca. O conflito entre Roberto e Erasmo e o ostracismo que o segundo viveu por um tempo estão muito bem registrados.
Chay também constrói bem seu Erasmo, sem imitá-lo. “Não acredito em imitação, a não ser que essa seja a finalidade. Mas eu acredito num 'contágio', de buscar a energia da pessoa através de coisas da vida pessoal dela ou daquilo que o influenciava. No caso do Erasmo, era o universo do rock e eu me contagiei por aquele universo”, diz o ator.
O elenco se sai bem, com Gabriel com um desempenho até superior a Chay, sem cair na caricatura de Roberto. Bruno de Luca, como Carlos Imperial (1935-1992), é a baixa: está longe de incorporar a “cafajestagem” dessa figura que marcou a música brasileira. Mas nada que comprometa essa divertida viagem aos anos 1960. TRÁFICO Prestes a completar 89 anos, Clint Eastwood continua na ativa. E duplamente, já que em A Mula, seu mais recente filme, ele atua e dirige, como já fez em diversas ocasiões desde 1971, quando estreou na direção em Perversa Paixão.
O novo filme marca a despedida de Eastwood das telas. Mas a sua aposentadoria é só como diretor, já que continuará atuando. Em A Mula, Eastwood interpreta um idoso que está à beira da falência e decide encarar uma proposta: transportar milhões de dólares em cocaína. Mas ele chama a atenção do policial Colin Bates, vivido por Bradley Cooper.