Casa Branca, Verde e Amarela
A esperada reunião entre o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o americano Donald Trump na Casa Branca parecia um encontro de velhos amigos, com ingredientes de ocasiões do tipo: troca de presentes, bate-papo animado, elogios mútuos, promessas de ambas as partes, concordância sobre temas da política internacional e garantias de fortalecimento de laços entre o Brasil e os Estados Unidos.
No Salão Oval da Casa Branca, onde foi recebido por volta do meio-dia de ontem pelo presidente dos EUA, Bolsonaro abriu a rodada de declarações simpáticas, ao afirmar que “o Brasil mudou” depois de “décadas de presidentes antiamericanos”. “Temos muito em comum com o senhor Donald Trump e isso pra mim é motivo de orgulho e satisfação. Ele quer uma América grande, como eu quero um Brasil grande também”, afirmou.
“Obviamente, temos muito a conversar, muita coisa a oferecer um para o outro, para o bem dos nossos povos”, completou o presidente, ao fazer uma referência indireta à pauta entre os dois. Especialmente, o apoio dos EUA à entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), confirmado horas depois, redução de barreiras comerciais e de investimentos e, obviamente, a Venezuela.
No mesmo tom cordial, Trump disse que “a hostilidade é zero” com o Brasil e afirmou que a campanha eleitoral de Bolsonaro foi incrível. “Nunca o Brasil esteve tão perto dos EUA”, destacou o presidente americano, que confirmou ainda o apoio ao Brasil na OCDE e que a crise na Venezuela estaria no cardápio principal da conversa entre ambos.
“Eu sei exatamente o que quero que aconteça na Venezuela, nós temos opções diferentes sobre a Venezuela, vamos conversar sobre elas. Todas as opções estão sobre a mesa”, declarou Trump. O presidente americano disse ainda que seria preciso discutir profundamente a possibilidade de que o Brasil apoie uma intervenção militar, opção que encontra forte resistência na cúpula das Forças Armadas brasileiras
“É uma vergonha o que está acontecendo na Venezuela, toda a crise e fome, vamos falar sobre isso em profundidade”, afirmou Trump. Questionado sobre facilitação de vistos, Trump afirmou que essa possibilidade é cogitada, mas rapidamente mudou de assunto para criticar o atual nível de comércio entre os dois países.
“Pensando muitas coisas em diferentes opções, também estamos pensando em facilitar os vistos, mas o comércio que temos com o Brasil não é tão bom como deveria ser. Temos que trabalhar para que seja o melhor possível”, afirmou o americano, sem mencionar a liberação de visto para cidadãos americanos viajarem ao Brasil, concedida por Bolsonaro, que não exigiu contrapartida.
Na Casa Branca, os dois presidentes trocaram camisetas de futebol diante das câmeras. Trump presenteou Bolsonaro com o uniforme de um time americano, com o nome do Bolsonaro escrito atrás. Já o brasileiro deu uma camisa da seleção com o número 10, do Pelé, e o nome “Trump” nas costas.
“Eu ainda lembro do Pelé”, disse Trump. “Eu sou um pouco mais novo, mas também lembro do Pelé”, emendou Bolsonaro, ao estender a camisa com o número usado pelo ex-jogador. Além de dois intérpretes, o encontro teve a presença do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). O chanceler Ernesto Araújo não estava na reunião.
COLETIVA
Em coletiva para jornalistas na área externa da Casa Branca, Trump, afirmou que a relação bilateral entre os dois países “está melhor do que jamais foi”. O presidente americano reforçou que os