Correio da Bahia

UMA EQUIPE FRÁGIL

-

O sucesso de um time dentro de campo está diretament­e atrelado a esse tripé, o técnico, o tático e o emocional. Não gosto de análises precipitad­as, mas os dois meses de trabalho no Vitória são suficiente­s para concluir que a equipe peca em todos eles, por isso está afundada em uma crise tão profunda que será necessário derrubar todos os alicerces que sustentam um clube: presidente, vice, diretor de futebol e técnico, esse último demitido anteontem.

Primeiro, o aspecto técnico. Este elenco montado pela cúpula rubro-negra é um dos piores já visto nos últimos anos, superando com sobra os times que brigaram para não cair nos últimos três campeonato­s Brasileiro­s. Do goleiro ao centroavan­te, não há um que se destaque. Há, é claro, bons jogadores, como o lateral-direito Matheus Rocha, o zagueiro Edcarlos e o volante Léo Gomes. Mas não há sequer um capaz de definir partidas nos momentos cruciais.

Marcelo Chamusca é um treinador da nova safra, daqueles que gostam de colocar em campo alguns dos conceitos mais modernos, que prezam pela posse de bola e uma saída da defesa para o ataque com a bola no chão, envolvendo todos os jogadores. No Vitória, ele tentou fazer isso, porém a (falta) de qualidade no material humano prejudicou o seu trabalho. Não é segredo que o clube tinha imensa dificuldad­e para contratar, que está em dificuldad­e financeira e que é difícil concorrer com equipes da Série A. Mas não era permitido à diretoria rubro-negra errar tanto. De novo.

Eis, então, a grande falha de Marcelo Chamusca. O treinador é o responsáve­l pela organizaçã­o tática da equipe, pela maneira como a equipe vai se comportar defendendo e atacando, por fazer os atletas assimilare­m os mecanismos para chegar ao gol adversário. As ideias podem até ter sido assimilada­s pelos jogadores, mas era óbvio que, em campo, eles não conseguira­m executá-las. Chamusca não conseguiu adaptar seu modelo de jogo ao elenco limitado que tinha em mãos. A conta chegou.

Sem contar os erros no meio do percurso. Não me parece lógico optar por construir o jogo a partir dos defensores e escalar Leandro Vilela e Wesley Dias em detrimento de Léo Gomes, que, dos três, é quem tem maior capacidade de organizaçã­o e o único capaz de desarmar as linhas de marcação do adversário com um passe em profundida­de. Por mais que Erick não viva boa fase, insistir em jogar com Yago e Andrigo nas pontas é abrir mão de dar profundida­de à equipe, de chegar perto do gol pela linha de fundo. Quando o treinador percebeu isso e sacou Yago do time, o rubro-negro já estava em apuros.

Por fim, o emocional abalado dos atletas se reflete dentro de campo. O Vitória não vence há mais de um mês, sendo que foi batido nos três jogos dentro de casa para adversário­s de menor expressão, o último deles, um duelo que parecia tranquilo contra o desinteres­sado Fluminense de Feira. Ao levar o gol com dois minutos de partida, a equipe sentiu o golpe. Passa um filme na cabeça. Todas as frustraçõe­s vêm à tona: Botafogo-PB, Atlético de Alagoinhas... A ansiedade tomou conta dos atletas, e os erros, naturalmen­te, se multiplica­m. O rubro-negro precisava apenas de um empate e, além de não conseguir marcar, levou o segundo gol. A casa desmoronou.

O momento, agora, é de reconstruç­ão. Prestes a deixar a presidênci­a antes do previsto, Ricardo David aposta no desconheci­do Claudio Tencati, que fez um trabalho duradouro e conseguiu dois acessos com o Londrina. Que tenha sucesso no Vitória.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil