Correio da Bahia

COMBATE DAS MARCAS CHEGA A SUA 20ª EDIÇÃO

- Miriam

EVENTO Maior operação de venda de carros novos do país, o Combate das Marcas está prestes a alcançar um recorde no segmento automotivo. De hoje até domingo, o evento – que será realizado no Shopping Bela Vista, em Salvador – chegará à 20ª edição, acumulando nada menos que R$ 1 bilhão em negócios fechados ao longo de sua história.

A estimativa é que sejam comerciali­zadas nesta edição 800 unidades. O evento acontece no estacionam­ento externo do Shopping Bela Vista, das 9h às 19h (sexta e sábado), e das 9h às 17h, no domingo. No local, além das principais marcas de carro, o consumidor encontrará veículos para todos os bolsos e gostos, de R$ 32.990 a R$ 259.560.

O Combate é promovido pela Fenabrave e conta com o apoio do Rade Bahia.

Evento acontece de hoje até domingo, no estacionam­ento do Shopping

Bela Vista

blogs.oglobo.globo.com/miriam-leitao/

A Lava-Jato tem uma grande capacidade de renascer das cinzas, mas ela só sobreviver­á se não estiver ligada a grupo político. Nos últimos dias a operação viveu mais um dos seus prenúncios de morte. Ganhou sobrevida com a prisão do ex-presidente Michel Temer. Não por prendê-lo, mas porque os investigad­ores conseguira­m comprovar que o faziam baseados em fortes indícios, como uma tentativa de depósito de R$ 20 milhões em dinheiro vivo pela Argeplan, empresa do coronel Lima.

Que Michel Temer seria preso, ninguém tinha dúvidas. Afinal, ele é alvo de 10 inquéritos que correm na Justiça Federal de Brasília, São Paulo, Rio e na Justiça Eleitoral. A conversa entre ele e o empresário Joesley Batista, no Jaburu, divulgada por este jornal no dia 17 de maio de 2017, chocou o país e dividiu seu governo ao meio. Na segunda metade ele abandonou projetos como a reforma da Previdênci­a e usou todo seu poder político para impedir que fossem adiante as denúncias da Procurador­ia-Geral da República contra ele no Congresso. A dúvida sobre Temer era quando ele seria preso e em que inquérito. A surpresa foi a ordem ter partido de Marcelo Bretas. A ironia é ele estar agora na PF no Rio, que fica na região portuária da cidade.

Bretas construiu sua decisão com recados de endereço certo. Lembrou que não era desdobrame­nto da Operação Calicute, mas sim da Operação Radioativi­dade, por propinas pagas em Angra 3. E se baseava na delação de José Antunes Sobrinho, da Engevix. Quem protocolou a delação da Engevix foi o ministro Luis Roberto Barroso. Quem cuida da Radioativi­dade é o ministro Edson Fachin. Fosse a Calicute, o caso iria para Gilmar Mendes. Outro recado é que Temer não estava sendo preso por crime ligado a caixa dois e usou para confirmar isso a palavra do próprio ex-presidente, que, em depoimento, garantiu que o coronel Lima nunca arrecadou dinheiro para suas campanhas.

A última dúvida que desabou sobre a Lava-Jato foi a decisão por 6 a 5 determinan­do que os crimes relacionad­os ao caixa dois sejam destinados à Justiça Eleitoral. Ela tem menos estrutura para julgar crimes complexos como os que se escondem atrás do dinheiro não declarado de campanha. A pequena maioria mostrou que até o STF tem dúvidas sobre a decisão que, de tão controvers­a, produziu uma onda de críticas à corte suprema do país.

Nessa onda surfou o grupo político do presidente Bolsonaro, tentando de novo manipular politicame­nte a luta contra a corrupção, em manifestaç­ões e agressões nas redes, como fez durante a campanha eleitoral. Nenhum grupo político, muito menos o do atual governo, é dono desta luta, porque no dia que for, aí sim, acabou a Lava-Jato. O fato de o ex-juiz Sérgio Moro ter virado ministro não deu ao governo um selo de qualidade.

A reação do STF às críticas que recebeu não ajudou a reestabele­cer o equilíbrio. O inquérito que foi iniciado por ordem do ministro Dias Toffoli, as ofensas gritadas pelo ministro Gilmar Mendes contra procurador­es, a ideia ruim do MP em Curitiba de ter uma fundação para gerir uma parte do dinheiro recuperado pela Lava-Jato. Tudo foi criando um ambiente de crise institucio­nal.

Por isso, a prisão de ontem foi entendida como forma de a Lava-Jato sair do córner e dar uma resposta ao Supremo. Se foi esta a intenção, é o caminho mais curto para o próprio fim. Se procurador­es, investigad­ores, e até juízes se deixarem dominar por um lado da política brasileira, se acharem que têm que traçar armas com a cúpula do Judiciário, a operação estará realmente condenada.

Os procurador­es e policiais federais no Rio mostraram uma lista grande de motivos que os levaram a pedir a prisão do ex-presidente. Não foi apenas a palavra do delator. Houve fatos como a tentativa, no final do ano passado, detectado pelo Coaf, de um depósito de R$ 20 milhões em espécie pela empresa Argeplan. Ela é do coronel Lima, paga a conta de um telefone usado por Temer. Não tem funcionári­os nem capacidade técnica, mas ganhou concorrênc­ia na usina nuclear de Angra 3. Há comprovant­es bancários, troca de e-mails, ligações telefônica­s. Há fartura de indícios. E, segundo procurador­es, riscos de, neste tempo de modernidad­e tecnológic­a, quantias serem transferid­as, provas serem apagadas. Alguns fatos são conhecidos, outros são novos. O importante é que Michel Temer seja investigad­o e julgado de acordo com as provas e as leis. Não pode ser um peão na briga que divide algumas das instituiçõ­es no Brasil.

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