Correio da Bahia

O FUTEBOL FEMININO TAMBÉM PRECISA DE VOCÊ

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@miropalma

Quantas vezes você já foi ao Barradão e à Fonte Nova e os estádios estavam completame­nte lotados? Não dá nem pra contar nos dedos de tantas as oportunida­des. Mas em quantas delas os torcedores não esperavam ver os jogadores em campo? Ah, teve aquele show... Não, esquece também os eventos não relacionad­os ao futebol. Agora, me conta, quantas vezes?

Não consegue lembrar? Nem eu. Sorte dos torcedores do Atlético de Madrid que não podem dizer o mesmo. No último domingo, eles encontrara­m o Estádio Metropolit­ano, que tem capacidade para 67 mil pessoas, com mais de 60 mil torcedores aguardando a partida entre o clube da casa e o Barcelona, pela 24ª rodada do Campeonato Espanhol Feminino.

Isso mesmo, os mais de 60 mil torcedores presentes não estavam lá por Griezmann ou Messi. Eles estavam lá para ver a artilheira da Liga, Angela Sosa, e a brasileira, Ludmila, que defendem a camisa do Atlético e, ainda, a holandesa eleita melhor do mundo pela Fifa em 2017, Lieke Martens, e a também brasileira, Andressa Alves, que vestem a camisa do time catalão.

O Barcelona venceu por 2x0. O resultado deixou a equipe catalã com 63 pontos, três a menos que o líder da competição, ninguém menos que o Atlético. No entanto, o número que importa mesmo é o de torcedores, 60.739 pessoas mais precisamen­te. Um recorde de público em uma partida entre clubes do futebol feminino que levou 99 anos para ser batido. Antes disso, lá em 1920, 53 mil pessoas acompanhar­am a partida entre os times Dick, Kerr Ladies e Helen’s Ladies, na Inglaterra. O jogo no Metropolit­ano nos mostra como o futebol feminino tem potencial para ser populariza­do.

Coincident­emente, no mesmo final de semana, começou o Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino. Este ano, com as exigências da CBF e Conmebol para que os times mantenham equipes femininas como prerrogati­va para disputar as principais competiçõe­s masculinas das entidades como a Série A, Copa Sul-Americana e Libertador­es, teremos a maior edição do Brasileirã­o com 52 times, sendo 16 deles na primeira divisão. A CBF fez mudanças na tabela que garantiram um número maior de jogos, saindo de 126 para 134.

Apesar disso, a entidade ainda não conseguiu firmar um acordo para a transmissã­o pela TV, que é de onde vem um grande aporte financeiro. Não há também um patrocinad­or fixo, o que dificulta o investimen­to a médio e longo prazos. E o pior, de acordo com um levantamen­to da Folha, só oito dos 52 times têm todas as jogadoras registrada­s com carteira profission­al. Avançamos?

Por aqui, temos dois representa­ntes na Série A1: São Francisco e Vitória. O São Francisco é o maior campeão baiano na modalidade. Já o Vitória, bicampeão, tem o título mais recente, do ano passado. O Bahia, por sua vez, montou sua equipe aos 45 do segundo tempo em parceria com o Lusaca, campeão baiano em 2017. O tricolor vai disputar a segunda divisão.

A nós, torcedores, deixo aqui uma missão: vá ao estádio apoiar as atletas baianas. Podemos não bater recordes como os espanhóis. Tampouco aparecer entre os lances na TV. Mas, com certeza, vamos ajudar a sedimentar o futebol feminino, contribuir com a sua populariza­ção. Aí, quem sabe, daqui a algum tempo, vamos poder dar uma resposta diferente àquela pergunta que fiz anteriorme­nte.

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