Noruega bloqueia repasse de R$ 133 mi ao Fundo Amazônia
MEIO AMBIENTE O ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega, Ola Elvestuen, anunciou, ontem, que o país europeu suspendeu o repasse de 300 milhões de coroas norueguesas, o equivalente a R$ 133 milhões, para ações contra o desmatamento no Brasil. De acordo com o jornal norueguês Dagens Naeringsliv, Elvestuen considera que o país não está cumprindo o acordo de preservação da Floresta Amazônica. A Noruega é a principal financiadora do Fundo Amazônia e, em julho, não aceitou a proposta do governo Bolsonaro de alterar a gestão do programa.
Questionado sobre a decisão do país europeu, o ministro brasileiro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse ao jornal O Estado de São Paulo que as negociações sobre o destino do fundo ainda estão em andamento e que, por isso, vê como "natural" a decisão de reter repasses à iniciativa. "As tratativas sobre o Fundo Amazônia ainda não foram concluídas, portanto é natural que novas contribuições aguardem esse desfecho", declarou o ministro.
A decisão da Noruega era esperada. Na semana passada, em tom crítico ainda não visto em público, Salles disse, em audiência pública na Câmara, que a Noruega “não tinha moral” para falar do desmatamento no Brasil, por causa de suas políticas ambientais. "A Noruega é o país que explora petróleo no Ártico, eles caçam baleia. E colocam no Brasil essa carga toda, distorcendo a questão ambiental", disse o ministro.
Dois dias depois, a Noruega emitiu nota para afirmar que "está comprometida a continuar com a gestão responsável, prudente e sustentável dos seus recursos petrolíferos". A indústria petrolífera norueguesa, declarou, "é líder global em padrões de saúde, segurança e proteção ambiental".
Outro país europeu que bloqueou verbas destinadas à preservação da Amazônia foi a Alemanha, com o corte de € 35 milhões, cerca de R$ 155 milhões. Em entrevista publicada no sábado, 10, pelo jornal Tagesspiegel, a ministra do Meio Ambiente, Svenja Schulze, afirmou que a política do governo brasileiro na Amazônia "levanta dúvidas se uma redução consistente das taxas de desmatamento ainda está sendo perseguida".
Anteontem, Bolsonaro rebateu o governo alemão e disse que a chanceler Angela Merkel deve "pegar a grana" bloqueada para preservação ambiental e reflorestar a Alemanha.
O presidente também criticou a Noruega, ontem, ao comentar a suspensão dos R$ 133 milhões. "Noruega? Não é aquela que mata baleia lá em cima, no Polo Norte, não? Que explora petróleo também lá? Não tem nada a oferecer para nós", reagiu Jair Bolsonaro.
Criado em 2007, o Fundo Amazônia capta doações não reembolsáveis da Noruega e da Alemanha para ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento. O balanço de suas ações concluído até 2018 aponta que R$ 3,4 bilhões em doações foram injetados no programa. Desse total, R$ 1,9 bilhão de recursos foram alocados para projetos selecionados e outros R$ 1,1 bilhão foram desembolsados. Atualmente, o Fundo Amazônia tem 82 projetos em andamento na região.
3,4 bilhões de reais já foram doados para o fundo pela Noruega e a Alemanha