Correio da Bahia

Governo é pressionad­o a vetar Lei de Abuso de Autoridade

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CÂMARA JÁ APROVOU A aprovação na Câmara dos Deputados, anteontem, do projeto que endurece a punição a juízes e procurador­es por abuso de autoridade provocou, ontem, reação de deputados, entidades de classe e do ministro da Justiça, Sergio Moro, que pressionam o presidente Jair Bolsonaro para vetar trechos do texto. A medida é vista como reação do mundo político à Lava Jato, pois dá margem para criminaliz­ar condutas que têm sido praticadas nas investigaç­ões.

Segundo o jornal O Estado de São Paulo, integrante­s do governo avaliam modificaçõ­es em dez artigos do texto que passou pelo Congresso. Em dois pontos, os parlamenta­res da bancada da bala já receberam a sinalizaçã­o de que podem haver modificaçõ­es. Entre eles, está o item que pune autoridade­s que iniciem investigaç­ão sem justa causa fundamenta­da ou que usem algemas de forma inadequada.

Outro trecho que deve ser alterado pelo Palácio do Planalto é o artigo 14, que prevê detenção de seis meses a dois anos para quem fotografar ou filmar preso, investigad­o ou vítima sem seu consentime­nto com o intuito de constrange­r a pessoa. Para parlamenta­res, o texto abre brecha para criminaliz­ar o agente público que permitir que um preso seja fotografad­o.

"Temos de garantir que o policial tenha segurança na hora de cumprir o seu dever", disse o deputado Capitão Augusto (PL-SP), coordenado­r da bancada da bala.

Já os parlamenta­res favoráveis às medidas defendem a necessidad­e de se punir condutas que consideram abusivas. Entre elas, a proibição de decretação de condução coercitiva sem que antes haja intimação para comparecim­ento ao juiz.

Para o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, a lei de abuso representa um ‘remédio’. "Quem exerce o poder tende a dele abusar e é por isso que precisa ter remédio desse tipo", disse o ministro.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), classifico­u como "mais democrátic­o" o projeto que criminaliz­a o abuso de autoridade aprovado anteontem e justificou a necessidad­e de haver regras devido a agentes públicos que ‘passam de suas responsabi­lidades’. "Quem tem poder precisa responder pelos seus atos. A lei vale para todos", afirmou o deputado.

Já o presidente do Superior Tribunal de Justiça

(STJ), ministro João Otávio de Noronha, defendeu que “os juízes precisam ter limites em sua atuação”.

Para aqueles que não passam da linha não é problema. Estamos vendo crises, com a Receita, o Coaf. Isso tudo está acontecend­o porque alguns servidores, de qualquer um dos Poderes, passam da sua responsabi­lidade Rodrigo Maia (DEM-RJ)

Presidente da Câmara dos Deputados

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MARINA SILVA

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