Correio da Bahia

TÁTICA PARA FUGIR DA POLÍCIA

Invadir casas e fazer reféns: um caso a cada dois meses no Nordeste de Amaralina

- Bruno Wendel REPORTAGEM bruno.cardoso@redebahia.com.br

Em oito meses, já foram quatro casos de perseguiçõ­es policiais em que os bandidos invadem casas e fazem os próprios moradores reféns no Complexo do Nordeste de Amaralina. A média no período é de um caso a casa dois meses. Em todas as situações, a rendição só aconteceu diante da presença da imprensa. Uma fonte da polícia disse ao CORREIO que a ação se tornou uma tática do Comando da Paz (CP), facção que atua na região, para evitar o combate direto com a polícia.

O caso mais recente aconteceu no final de linha de Santa Cruz, na tarde de anteontem, quando cinco homens ligados ao CP invadiram uma casa e mantiveram sob a mira de armas três pessoas de uma mesma família – um idoso, o filho e o neto dele, de 8 anos.

De acordo com a Polícia Militar, uma viatura da 40ª Companhia Independen­te (CIPM/ Nordeste de Amaralina) fazia rondas pela região do Largo do Areal quando encontrou o grupo de homens armados. Houve troca de tiros, e, na fuga, os criminosos invadiram uma casa, que estava com a porta aberta, e fizeram os reféns.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), durante o confronto, um PM acabou ferido na perna e foi socorrido para o Hospital Geral do Estado (HGE). Ele já teve alta. Após duas horas de negociaçõe­s, os bandidos libertaram os reféns e se entregaram. Foram apresentad­os à imprensa ontem.

Também ontem, o CORREIO circulou de manhã pela Santa Cruz e encontrou policiamen­to reforçado por unidades da 40ª CIPM, Rondas Especiais (Rondesp) Esquadrão Águia e o Batalhão de Operações Especiais (Bope). Um dos policiais que faziam o patrulhame­nto no final de linha disse à reportagem que a invasão de quatro dos imóveis com reféns em oito meses é uma estratégia da CP.

“Eles adotaram essa agora. Já perceberam que dá certo. As famílias têm que deixar as portas abertas para facilitar o acesso deles”, disse um soldado da 40ª CIPM. “Há casos em que eles obrigam as crianças a circularem pela rua para servirem de escudo quando sabem que a polícia está por perto”, disse outro soldado da unidade.

As declaraçõe­s dos oficiais foram reforçadas pelo major Edmundo Assemany, da Rondesp Atlântico, unidade da PM que atende a região dos bairros no entorno da orla de Salvador. “Já ouvi falar sobre isso. É possível que aconteça, mas não com todos os moradores”, disse o major.

“É a melhor forma que eles encontrara­m para evitar um combate, para ter desfecho satisfatór­io para eles”, disse o capitão Edmundo, da 40ª CIPM (Nordeste de Amaralina), responsáve­l por mediar a última negociação no bairro.

O delegado Odair Carneiro, da Delegacia de Homicí

4

 ?? MARINA SILVA ?? Policiamen­to é reforçado no Nordeste de Amaralina após cinco criminosos fazerem uma família refém durante a fuga
MARINA SILVA Policiamen­to é reforçado no Nordeste de Amaralina após cinco criminosos fazerem uma família refém durante a fuga

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil