A energia que vem do lixo
Iniciativa da Prefeitura reduz impactos ambientais
Imagine se fosse possível abastecer uma cidade com 200 mil habitantes com energia elétrica gerada do lixo. Agora, abra os olhos porque essa já é uma realidade em Salvador. Desde 2011, quando uma usina termelétrica passou a operar no aterro sanitário metropolitano, o gás gerado pelo lixo está sendo transformado em energia elétrica suficiente para abastecer cidades como Lauro de Freitas e Itabuna.
Segundo Danilo Laert, gerente operacional da Termoverde, empresa responsável pela usina, o aterro recebe cerca de três toneladas de lixo todos os meses. A estimativa é de que, até maio de 2020, a transformação do biogás em energia gere R$ 2,6 milhões em royalties para o município.
“Do total de resíduos coletados, 91% é de Salvador. O restante é das cidades de Lauro de Freitas e Simões Filhos. Em 2011, a energia gerada era suficiente para abastecer 80 mil pessoas, mas essa capacidade foi aumentando nos últimos anos”, contou.
A transformação desse gás em energia reduz a poluição e gera o chamado Crédito de Carbono – um reconhecimento pela redução da quantidade desse elemento químico na atmosfera. Para cada tonelada de dióxido de carbono (CO²) é gerado um crédito de carbono, que pode ser comercializado no mercado internacional.
CRÉDITOS DE CARBONO
Salvador produz hoje 50 mil créditos por mês. O prefeito ACM Neto contou que o tratamento do lixo é uma forma eficiente de enfrentar o problema da crise climática. “Salvador não foi escolhida à toa pela ONU para sediar a Semana do Clima. Isso aconteceu por causa de iniciativas como essa e várias outras, a exemplo da proteção de 27 milhões de metros quadrados de áreas verdes, garantidas no novo IPTU, e implantação de novas unidades de conservação e criação ou reforma de parques”, disse.
O gestor contou que, desde 2013, a cidade ganhou 50 mil novas árvores. Ele afirmou que a questão ambiental está no Planejamento Estratégico do município e que foi criada uma Estratégia de Resiliência, em rede global, para reduzir a emissão de poluentes.
“Os soteropolitanos ganham uma cidade mais sustentável, melhor de se viver, e planejada para ter um meio ambiente mais agradável para as próximas gerações. Não governamos apenas para o presente, mas também para o futuro. Queremos deixar uma cidade ainda melhor para as próximas gerações, e isso envolve cuidar não só da área social e urbanística, mas também da natureza”, diz.
De acordo com a prefeitura, cerca de 65% dos resíduos produzidos pela cidade que chegam às unidades de coleta e limpeza são direcionados para estação de transbordo, em Canabrava. Depois, seguem para o aterro sanitário e são transformados em energia.
Para o secretário de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência (Secis), André Fraga, o tratamento dado ao lixo reafirma o compromisso e a preocupação da cidade com o impacto ambiental. “Salvador dá exemplo de como a gestão de resíduos pode contribuir para mitigação dos gases do efeito estufa”, afirmou.
Segundo a prefeitura, Salvador foi a primeira cidade do mundo a conseguir o registro pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a emissão de crédito de carbono com engenharia em aterros sanitários, o que será um dos destaques da Semana do Clima da América Latina e Caribenha sobre Mudança do Clima, que começa nesta segunda-feira no Salvador Hall, na Avenida Luiz Viana Filho (Paralela). Veja programação na página ao lado.
Desde 2005, o município possui o Certificado por Emissão Reduzida (CERs) de Carbono. Durante a Semana do Clima, a prefeitura vai receber da Bahia Transferência e Tratamento de Resíduos (Battre), que é uma das unidades de valorização sustentável do Grupo Solví, contratado pela Prefeitura para administrar o aterro, um certificado dos royalties sobre a comercialização do credito de carbono.
Queremos deixar uma cidade ainda melhor para as próximas gerações e isso envolve cuidar também da natureza ACM Neto Prefeito de Salvador