Correio da Bahia

Bombeiros confirmam 3 mortos no Ceará

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DESABAMENT­O Um dia após o desabament­o do Edifício Andréa, em um bairro nobre de Fortaleza (CE), parentes de desapareci­dos viviam com apreensão a busca por parentes sob os escombros. Já os resgatados relatavam momentos de horror desde a queda do prédio. Ontem, o Corpo de Bombeiros cearense confirmou três mortos na tragédia. Outras sete pessoas continuava­m desapareci­das até o fechamento desta edição. Sete foram resgatados com vida no dia da tragédia.

“Após o acidente, meu pai apagou, mas não sabe por quanto tempo. Quando ele acordou, viu um rapaz pedindo ajuda e se engasgando com o próprio sangue", contou Nazareno Gomes, filho de Gilson Gomes, de 53 anos, resgatado anteontem dos escombros do prédio. "Ele pediu ao rapaz para ter calma, que pediria ajuda. Eu falei com meu pai ontem e ele me disse: ‘Meu filho, eu vi uma pessoa morrer na minha frente e eu não quero isso para ninguém’".

O jovem de quem Gilson falava é Frederick Santana dos Santos, a primeira vítima localizada pelos bombeiros na madrugada de ontem. O vendedor, de 30 anos, estava em um mercado vizinho. Pela manhã, mais um corpo foi encontrado. Segundo os bombeiros, a vítima é uma mulher e o local onde está o corpo é de difícil acesso. A corporação informou que não poderia usar máquinas pesadas e, por isso, não conseguiu ainda retirar o corpo, parcialmen­te soterrado sob lajes.

Mais tarde, os bombeiros localizara­m e retiraram dos escombros o corpo de Izaura Marques Menezes, de 81 anos, a terceira vítima da tragédia. Amiga de Izaura, a professora Ana Célia, de 64, disse que a idosa era ativa e participav­a de um clube de leitura. "Izaura era uma pessoa muito dinâmica e ativa. Era ela quem realizava as reuniões e dinâmicas do grupo. Ela tinha a gente como uma família", contou Ana Célia.

Izaura morava em um apartament­o no quinto andar com o marido, Vicente Menezes, de 86 anos. Além deles, a filha Rosane Menezes, de 55, estava no prédio. Rosane e Vicente continuam desapareci­dos.

O corretor de imóveis Rômulo Marques, de 54 anos, sobrinho de Vicente, acompanhav­a os trabalhos de resgate ontem. "Esperança, esperança, esperança", repetia. "Eles não respondem a estímulos da equipe de resgate, mas seguimos com esperança. Enquanto tivermos possibilid­ade de encontrar, vamos seguir", disse Marques, que estava com 14 parentes no local. Todos passaram a madrugada rezando. As buscas devem continuar pelos próximos cinco dias.

Entre os parentes de resgatados com vida, o clima era de alívio. Davi Sampaio Martins, de 22 anos, o rapaz que fez uma selfie nos escombros para tranquiliz­ar a família, continuava internado ontem, mas tinha o quadro estável.

Ontem também, a Polícia Civil do Ceará abriu inquérito para investigar a queda do prédio e ouviu 8 testemunha­s. A prefeitura de Fortaleza emitiu nota dizendo que "fará rigorosa investigaç­ão".

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