Brasil dos extremos
Bahia é o nono estado do país em ranking de desigualdade
Em Salvador, as residências mais ricas têm renda 61 vezes maior do que as de famílias mais pobres. Os dados foram colhidos durante o ano de 2018 e integram a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada, ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística.
Para calcular a diferença, é considerada a renda per capita das residências. O IBGE leva em conta todos os rendimentos da casa, divididos pelo número de habitantes maiores de 14 anos. Os rendimentos incluem os salários dos moradores e qualquer tipo de rendimento como aluguéis e pensões; ou valores advindos de programas sociais como o Bolsa Família.
Os dados coletados geram o chamado Índice de Gini que, segundo o IBGE, mede a desigualdade de forma ampla. O número varia de 0 a 1 e quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade. No ano passado, o Índice de Gini baiano ficou em 0,524, contra 0,565, em 2017. A redução de 0,041 tirou a Bahia do primeiro lugar no ranking da desigualdade no país, deixando o estado com a 9ª posição.
BRASIL DESIGUAL
No geral, a desigualdade de renda no país alcançou um patamar recorde em 2018, dentro da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012 pelo IBGE.
A metade mais pobre da população, quase 104 milhões de brasileiros, vive com apenas R$ 413 mensais, considerando todas as fontes de renda. No outro extremo, o 1% mais rico - somente 2,1 milhões de pessoas - tinha renda média de R$ 16.297 por pessoa, em 2018. Ou seja, essa pequena fatia mais abastada ganhava quase 40 vezes mais que a metade da base da pirâmide populacional.
Em todo o país, 10,4 milhões de pessoas (5% da população) sobrevivem com R$ 51 mensais, em média. Se considerados os 30% mais pobres (60,4 milhões de pessoas), a renda média per capita subia a apenas R$ 269.
Mesmo passada a crise econômica, a desigualdade se agravou. A renda domiciliar per capita dos 5% mais pobres caiu 3,8% de 2017 para 2018. Ao mesmo tempo, a renda da fatia mais rica (1% da população) cresceu 8,2%.
“O índice de gine é um índice geral, que considera diversos aspectos na hora em que mede a desigualdade. Por ser um número de certa forma abstrato, não fica tão fácil visualizar exatamente o que ele representa, por isso também fazemos um ranqueamento analisando os salários, já que o rendimento de trabalho acaba correspondendo a 70% da renda per capita”, explica a supervisora de difusão de informações do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros.
FRUTO DO TRABALHO
Considerando apenas os rendimentos de trabalho, a Bahia ocupa o 6º lugar no ranking do IBGE. Quando o assunto é o salário médio de quem ganha mais, o valor chega a ser 48 vezes maior em relação às remunerações mais baixas. Em 2017, a média salarial para os mais ricos foi de R$ 6.196 por mês, contra R$ 129 da média dos mais pobres.
Ao analisar a disparidade, o economista e professor universitário Edísio Freire explica um dos aspectos que podem causar tamanha diferença: “Isso também é resultado do que chamamos efeito 80/20. 80% da renda na mão de 20% das pessoas. A Bahia tem uma grande parte da população com pouca renda, e pouca gente ganhando muito, como grandes empresários, políticos, grandes executivos. Por conta desse desequilíbrio, na hora de fazer as estatísticas essa desigualdade acaba aparecendo”.
A coordenadora do IBGE, aponta ainda que na Bahia, apenas cerca de 10% dos adultos têm nível superior completo, o que também explica a disparidade.
O salário médio das pessoas que possuem o nível superior completo é quase três vezes maior do que a renda média daquelas que não fizeram uma faculdade na Bahia: R$ 3.830 contra R$ 1.355.
1.486 reais era a renda média dos baianos em 2017. A PNAD Contínua de 2018, no entanto, revelou uma queda de... 5,8 nesse valor. Em números absolutos significa que a renda média dos baianos no ano passado era... 1.400 reais ,a4ª mais baixa do país.