Correio da Bahia

Brasil dos extremos

Bahia é o nono estado do país em ranking de desigualda­de

- Gabriel Amorim* e agências REPORTAGEM @redebahia/Nonononono *COM A ORIENTAÇÃO DA CHEFE DE REPORTAGEM PERLA RIBEIRO.

Em Salvador, as residência­s mais ricas têm renda 61 vezes maior do que as de famílias mais pobres. Os dados foram colhidos durante o ano de 2018 e integram a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada, ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatístic­a.

Para calcular a diferença, é considerad­a a renda per capita das residência­s. O IBGE leva em conta todos os rendimento­s da casa, divididos pelo número de habitantes maiores de 14 anos. Os rendimento­s incluem os salários dos moradores e qualquer tipo de rendimento como aluguéis e pensões; ou valores advindos de programas sociais como o Bolsa Família.

Os dados coletados geram o chamado Índice de Gini que, segundo o IBGE, mede a desigualda­de de forma ampla. O número varia de 0 a 1 e quanto mais próximo de 1, maior a desigualda­de. No ano passado, o Índice de Gini baiano ficou em 0,524, contra 0,565, em 2017. A redução de 0,041 tirou a Bahia do primeiro lugar no ranking da desigualda­de no país, deixando o estado com a 9ª posição.

BRASIL DESIGUAL

No geral, a desigualda­de de renda no país alcançou um patamar recorde em 2018, dentro da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012 pelo IBGE.

A metade mais pobre da população, quase 104 milhões de brasileiro­s, vive com apenas R$ 413 mensais, consideran­do todas as fontes de renda. No outro extremo, o 1% mais rico - somente 2,1 milhões de pessoas - tinha renda média de R$ 16.297 por pessoa, em 2018. Ou seja, essa pequena fatia mais abastada ganhava quase 40 vezes mais que a metade da base da pirâmide populacion­al.

Em todo o país, 10,4 milhões de pessoas (5% da população) sobrevivem com R$ 51 mensais, em média. Se considerad­os os 30% mais pobres (60,4 milhões de pessoas), a renda média per capita subia a apenas R$ 269.

Mesmo passada a crise econômica, a desigualda­de se agravou. A renda domiciliar per capita dos 5% mais pobres caiu 3,8% de 2017 para 2018. Ao mesmo tempo, a renda da fatia mais rica (1% da população) cresceu 8,2%.

“O índice de gine é um índice geral, que considera diversos aspectos na hora em que mede a desigualda­de. Por ser um número de certa forma abstrato, não fica tão fácil visualizar exatamente o que ele representa, por isso também fazemos um ranqueamen­to analisando os salários, já que o rendimento de trabalho acaba correspond­endo a 70% da renda per capita”, explica a supervisor­a de difusão de informaçõe­s do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros.

FRUTO DO TRABALHO

Consideran­do apenas os rendimento­s de trabalho, a Bahia ocupa o 6º lugar no ranking do IBGE. Quando o assunto é o salário médio de quem ganha mais, o valor chega a ser 48 vezes maior em relação às remuneraçõ­es mais baixas. Em 2017, a média salarial para os mais ricos foi de R$ 6.196 por mês, contra R$ 129 da média dos mais pobres.

Ao analisar a disparidad­e, o economista e professor universitá­rio Edísio Freire explica um dos aspectos que podem causar tamanha diferença: “Isso também é resultado do que chamamos efeito 80/20. 80% da renda na mão de 20% das pessoas. A Bahia tem uma grande parte da população com pouca renda, e pouca gente ganhando muito, como grandes empresário­s, políticos, grandes executivos. Por conta desse desequilíb­rio, na hora de fazer as estatístic­as essa desigualda­de acaba aparecendo”.

A coordenado­ra do IBGE, aponta ainda que na Bahia, apenas cerca de 10% dos adultos têm nível superior completo, o que também explica a disparidad­e.

O salário médio das pessoas que possuem o nível superior completo é quase três vezes maior do que a renda média daquelas que não fizeram uma faculdade na Bahia: R$ 3.830 contra R$ 1.355.

1.486 reais era a renda média dos baianos em 2017. A PNAD Contínua de 2018, no entanto, revelou uma queda de... 5,8 nesse valor. Em números absolutos significa que a renda média dos baianos no ano passado era... 1.400 reais ,a4ª mais baixa do país.

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