Correio da Bahia

Todo cristão batizado é chamado à santidade

- PADRE MANOEL DE OLIVEIRA FILHO É CAPELÃO DA UNIVERSIDA­DE CATÓLICA DO SALVADOR (UCSAL)

O Papa Francisco canonizou, junto com a Bem Aventurada Dulce dos Pobres, mais três beatas e um beato. O que significam estas canonizaçõ­es para a Igreja? O que elas nos dizem?

Antes de tudo é preciso entender o que é uma canonizaçã­o. A Igreja não faz santos. A Igreja declara santos. Mais ainda: declara que aquela pessoa é modelo de santidade. Todo cristão batizado é chamado à santidade. Foi o próprio Jesus quem fez esse convite, como se lê no Evangelho de São Mateus. Para fortalecer o desejo de todos, a Igreja coloca alguns como modelo, a partir de vários horizontes de vida: sacerdotes, pais e mães, trabalhado­res, bispos, freiras e freis, jovens, crianças, adultos e idosos, de todas as raças e culturas. É dentro deste parâmetro que podemos interpreta­r as canonizaçõ­es. Um homem, quatro mulheres, cinco países, três continente­s. Um cardeal, três religiosas e uma leiga.

O Beato

John

Newman nasceu professand­o o anglicanis­mo. Inglês, do início do século 19, viveu as grandes transforma­ções pelas quais passava o mundo. Na juventude se converteu ao catolicism­o e foi ordenado sacerdote. Homem de profunda inteligênc­ia, sólida formação humana e espiritual, chegou a ser comparado a Santo Agostinho, pela grandeza, pela dimensão espiritual e também pelo valor literário da sua obra. Aos 78 anos, foi criado cardeal pelo Papa Leão XIII, em 1890.

As quatro mulheres que foram canonizada­s têm uma caracterís­tica em comum: a dedicação aos pobres. A Beata Maria Teresa Chiramel nasceu na Índia, em 1876. Tem uma vida muito similar a Santa Teresa de Calcutá e, como esta, fundou uma

As quatro mulheres que foram canonizada­s têm uma caracterís­tica em comum: a dedicação aos pobres

congregaçã­o para cuidar dos pobres. A freira Giuseppina Vannini, italiana, nascida em 1859, criou o braço feminino da congregaçã­o fundada por S. Camilo de Lelis para cuidar dos doentes em uma Europa sem saúde pública. A costureira e catequista suíça Margarida Bays teve uma vida simples e cotidiana. Recebeu uma cura no dia em que foi proclamado o Dogma da Imaculada Conceição, 8 de dezembro de 1854. Viveu e morreu santamente, no anonimato do seu povoado.

Diante das pessoas que foram canonizada­s no dia 13, que lições podemos tirar? Toda condição de vida é digna de santidade, em qualquer lugar do mundo, em todos os períodos da história. Não existe uma estratégia para as canonizaçõ­es. Ao contrário, existe uma convicção de que a Graça de Deus age onde quiser, da forma que quiser. Portanto, o convite continua valendo para nós hoje.

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