Novas praias afetadas
As praias de Muro Alto e do Cupe, em Pernambuco, amanheceram ontem com um cenário diferente. Sacos de lixo cheios de óleo ocupavam as areias das praias. Apesar do esforço contínuo de voluntários e de órgãos públicos que renderam a retirada, até anteontem, de 30 toneladas do material das praias pernambucanas, vestígios ainda foram vistos, ontem, no litoral do estado.
A Marinha fez a sua primeira coletiva de imprensa, ontem, em Recife, para falar sobre o petróleo cru que atingiu o litoral do Nordeste. O almirante Leonardo Puntel, que coordena as operações relacionadas ao desastre ambiental, contou que as manchas de óleo estão agora concentradas em Pernambuco.
“Hoje [ontem], o que nós temos de registros é que existem aqui, em Pernambuco, manchas de óleo na região de Suape, Cabo de Santo Agostinho e Praia do Cupe”, disse o almirante. “No início da tarde, na praia de Atalaia, em Aracaju, voltou a aparecer algum óleo. De maneira que no restante dos estados do Nordeste, não há registro no momento”, acrescentou.
As manchas já atingiram 201 locais em 74 municípios do litoral do Nordeste desde que apareceram no final de agosto. Já foram encontradas manchas de óleo desde a Reserva Extrativista (Resex) Cururupu, no Maranhão, a 157 km de São Luís, até a Baia de Todos-os-Santos, em Salvador. Os dados constam no último balanço divulgado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), na noite de anteontem. De acordo com o Ibama, até o momento 35 animais foram conhecidamente afetados: 17 tartarugas marinhas que morreram, 11 vivas; duas aves com óbito e duas vivas; e um peixe morto.
Puntel disse que o governo tem tido dificuldade de identificar a origem do óleo. Por ser um petróleo cru e muito pesado, o vazamento viaja abaixo da superfície. Segundo ele, as manchas não são detectadas pelos radares e o governo tem utilizado aeronaves para tentar identificá-las.
O almirante acrescentou que o óleo não foi produzido ou comercializado no Brasil. Puntel explicou que a Marinha não descarta nenhuma possibilidade sobre a origem. Segundo ele, a Marinha levanta quais foram os navios que passaram tanto em águas brasileiras - limitadas a 200 milhas náuticas do litoral - quanto fora delas.
Em Salvador, o chefe da Casa Civil municipal, Luiz Carrera, acompanhou, ontem, o trabalho das equipes da Empresa de Limpeza Urbana (Limpurb) na retirada dos resíduos que estavam sob as pedras e areias das praias de Pedra do Sal, em Itapuã, Patamares, Amaralina e Ondina.
Na ocasião, o gestor fez um diagnóstico da situação. “Desde a última sexta-feira, felizmente, não registramos mais chegada de óleo nas nossas praias, com significativa redução no recolhimento do material”, destacou.
Anteontem, a Limpurb recolheu cerca de sete toneladas de óleo. Somando-se às 91 toneladas retiradas até a última sexta, ao todo, já foram recolhidos 98 toneladas do resíduo das praias da capital baiana. As praias atingidas pela mancha são de Ipitanga até o Farol da Barra.