Correio da Bahia

Passarela para marcas baianas

Evento Com variados modelos de negócio, marcas assinam criações exclusivas para o Afro Fashion Day, uma realização do CORREIO

- Marília Moreira REPORTAGEM marilia.silva@redebahia.com.br

Para desfilar no Afro Fashion Day, há dois pré-requisitos básicos: um em relação aos modelos e outro em relação às marcas de roupas e acessórios. Os primeiros têm de ser negros, e se orgulhar dessa negritude; já as marcas, têm de ser baianas, e expressar com orgulho a identidade local - não é regra, no entanto, que elas sejam comandadas por empresário­s negros.

“Quando o Afro foi criado, ele tentou quebrar com duas coisas que pareciam regra. A primeira, a ideia de que não existiam modelos negros que soubessem desfilar, um argumento tanto das agências quanto dos estilistas para a ausência deles nas passarelas. A segunda ideia que a gente queria combater era a de que a moda feita em Salvador era uma moda copiada ou que as pessoas não compravam de produtores locais porque preferiam comprar marcas nacionais”, explica Gabriela Cruz, editora de Conteúdo de Projetos do CORREIO e curadora de moda do evento junto com Fagner Bispo.

Em sua quinta edição, o evento segue mantendo o mesmo propósito, reunindo dezenas de modelos e 48 marcas de roupas e acessórios, que devem assinar criações exclusivas relacionad­as ao tema da edição. Em 2019, elas deverão se inspirar na beleza das estamparia­s dos seis blocos afros homenagead­os pelo evento: Olodum, Filhos de Gandhy, Malê Debalê, Ilê Aiyê, Muzenza e Cortejo Afro.

A cada ano, o desafio é comemorado pelas marcas, já que muitas delas não têm uma vitrine como essa, muito menos a possibilid­ade de produzir para passarela. Participan­do do AFD desde a segunda edição, em 2016, Kivia Souza, do Ateliê Casalinda, considera que o evento foi fundamenta­l para a sua carreira como estilista, já que foi para ele que produziu sua primeira peça de roupa oficial - até então, sua marca só produzia acessórios.

“Ainda lembro como me senti quando vi a modelo entrar na passarela. Fiz questão de apontar e dizer a todos ao redor que eu tinha feito aquela roupa”, diz Kivia. Antes de empreender e se jogar no mundo da moda, ela foi jornalista do CORREIO, onde trabalhou por sete anos até decidir mudar de carreira e investir no próprio negócio.

Como muitos pequenos empreended­ores, assumir o risco tem sido uma constante na trajetória de Kivia. Tanto assim, que foi uma das participan­tes do reality Salvador Fashion Race e, depois de lançar uma marca com o selo “slow fashion” (moda sem pressa), decidiu ir morar em Jacobina, interior da Bahia.

Como empreended­ora, no entanto, os desafios têm sido

O Afro Fashion Day dá força para que a pessoa siga adiante e aposte. Tem marca que desfila desde a primeira edição, e que fez do evento uma vitrine, crescendo conosco e ajudando a gente crescer junto com eles Gabriela Cruz

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