Correio da Bahia

Salvador entra na rota dos grandes eventos corporativ­os

- Geraldo Bastos

A inauguraçã­o do novo Centro de Convenções de Salvador (CCS), no próximo dia 23, vai colocar a capital baiana - definitiva­mente - na rota do turismo corporativ­o e de eventos do país. Com isso, a expectativ­a de hotéis, pousadas, bares, restaurant­es e de prestadore­s de serviços, como os taxistas, é de um forte incremento nos negócios e nas receitas nos próximos anos.

A confiança vem dos números: o turista estrangeir­o que visita o Brasil a negócios ou para participar de eventos, por exemplo gasta, em média, US$ 329,39 por dia - quase cinco vezes mais que o turista de lazer (US$ 73,77), conforme pesquisa do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur).

E mais: é um setor que só faz crescer no país. Levantamen­to da Associação Brasileira das Agências de Viagens Corporativ­as (Abracorp) mostra que, no primeiro semestre do ano passado, os gastos destes turistas registrara­m uma alta de 14,8%, saindo de R$ 4,85 bilhões, nos seis primeiros meses de 2018, para R$ 5,57 bilhões.

Com o novo Centro de Convenções de Salvador, na orla da Boca do Rio, a tendência é que, nos próximos anos, esse segmento mais rentável para o turismo cresça de forma significat­iva também em Salvador. O CSS já tem 32 eventos prospectad­os pela GL Events, alguns neste ano, e outros agendados até 2024, a exemplo de grandes congressos da aérea de médica, incluindo eventos mundiais, latino-americanos, sul-americanos e nacionais.

De acordo com o presidente da Salvador Destinatio­n, Roberto Duran, quem visita uma cidade a negócios não costuma economizar. “Como a via

32 eventos já foram prospectad­os, alguns neste ano, e outros agendados até 2024

gem é paga pela empresa, ele sempre escolhe o me lhor hotel, os melhores restaurant­es e querem mais conforto nos meios de transporte e de deslocamen­to”, explica.

Duran ressalta que a redução do percentual desse público, em Salvador, nos últimos seis anos se deu por conta do fechamento do antigo centro de convenções e se agravou ainda mais após a falência de grandes hotéis que sediavam eventos, a exemplo do Othon (Ondina) e do Pestana (Rio Vermelho).

“Perdemos significat­ivamente esse público, mas a nossa expectativ­a é reconquist­á-lo. O turismo de negócios não é uma ação imediata, e sim a médio e longo prazo. Temos trabalhado bastante para que em 2021 já tenhamos bons números nesse aspecto. O novo centro é a ferramenta mais propulsora para esse tipo de negócio”, assinala.

SONHO REALIZADO

Para o presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentaçã­o (Febha), Silvio Pessoa, o novo centro de convenções atende a um anseio de "muitos anos" do trade turístico de Salvador. "Não são apenas os hotéis, bares e restaurant­es que ganham com este equipament­o. É quem constrói um hotel, reforma uma pousada, fornecedor­es de equipament­os, como TVs, de ar condiciona­do, de hortifruti. São mais de 50 setores que interagem com o turismo e todo mundo acaba ganhando", afirma ele, lembrando que o turismo responde hoje por 20% do PIB de Salvador.

Pessoa conta ainda que a entrada em operação do CCS é um "sonho realizado" e vai ajudar a equilibrar as contas no período de baixa estação. Ele estima que nos últimos oito anos o setor deixou de faturar mais de R$ 1,6 bilhão somente em diárias de hotéis pela falta de um centro de convenções. "Fantástico que o prefeito ACM Neto tem entendido a importânci­a que o turismo tem para a cidade", diz ele, acrescenta­ndo que nos últimos anos os grandes eventos corporativ­os, no Nordeste, foram realizados em Recife e Fortaleza. "Estávamos orfãos de um grande equipament­o", afirmou.

Luciano Lopes, presidente da seccional baiana da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-BA), estima que, com o novo centro de convenções, a taxa de ocupação média dos hotéis de Salvador salte dos atuais 62% para até 80% em quatro anos. “É um número muito bom” Ele conta que o turista que chega para participar de ume vento corporativ­odurante a semana costuma ampliar a estadia para o final de semana ou então chega alguns dia antes. "É um público muito qualificad­o, com renda maior", destacou, informando que a rede hoteleira de Salvador dispõe hoje de 40 mil leitos.

Perdemos significat­ivamente esse público, mas a nossa expectativ­a é reconquist­á-lo. O turismo de negócios não é uma ação imediata, e sim a médio e longo prazo Roberto Duran

Presidente da Salvador Destinatio­n

Fantástico que o prefeito ACM Neto tem entendido a importânci­a que o turismo tem para a cidade Silvio Pessoa

Presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentaçã­o (Febha)

O novo Centro de Convenções é um equipament­o muito importante porque restabelec­e o turismo de negócios para Salvador Luciano Lopes

Presidente da seccional baiana da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-BA)

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IGOR SANTOS/SECOM A prefeitura de Salvador investiu R$ 130 milhões na construção do centro de convenções

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