Correio da Bahia

Moradores ficam surpresos: ‘E era o quê?’

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Boa parte dos moradores das sete localidade­s que, agora, são oficialmen­te bairros descobriu que não conhece tão a fundo o local em que habita. A maioria dos entrevista­dos pelo CORREIO não fazia ideia de que o lugar não se caracteriz­ava como tal até ontem.

Uma das pessoas que mais se surpreende­ram foi a aposentada Luzvaldina Santos, 70 anos, que mora no Dois de Julho e declarou que o decreto só reafirma um bairro que já é visto assim por todos. “E era o quê? Não estava sabendo que não era bairro. Até a correspond­ência já vem como bairro Dois de Julho. A oficializa­ção só veio pra confirmar o que já está garantido. O Dois de Julho é um bairro. E um ótimo bairro, diga-se. Se você procurar bem, não vai achar um pra dizer que não era bairro. Só se soube hoje depois que tornaram oficial”, garantiu.

Sábia Luzvaldina. Não houve um que dissesse realmente. “Claro que não sabia. Mas, mesmo se não fosse, a gente ia chamar assim e dizer que é bairro”, brincou o motorista Eduardo de Oliveira.

O estranhame­nto da população e a sensação de pertencime­nto e identifica­ção das áreas como bairro é um fato comum para Bete Santos, professora de Administra­ção da Universida­de Federal da Bahia (Ufba) e coordenado­ra do estudo Caminho das Águas, que teve como um de seus produtos a proposta de delimitaçã­o de bairros, que foi incorporad­a pela prefeitura ao fazer a lei.

“Pessoalmen­te, acompanhei a reivindica­ção do Dois de Julho e considero que de fato é legítima, uma vez que atende de forma satisfatór­ia todos os critérios da lei dos bairros. O Dois de Julho tem uma comunidade organizada e ativa e seus moradores têm uma relação de pertencime­nto e identidade muito clara com o território”, analisa Bete.

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