Correio da Bahia

Baiano é preso na Espanha

Crime Victor Brito Rodrigues Souza fazia parte de uma organizaçã­o de tráfico internacio­nal

- Bruno Wendel REPORTAGEM bruno.cardoso@redebahia.com.br

Primeiro, ele aceitou levar droga ao exterior escondida na bagagem - virou uma das ‘mulas’ do tráfico; depois, se tornou membro da quadrilha que o tinha aliciado justamente para enviar cocaína ao exterior. Baiano, o traficante Victor Brito Rodrigues Souza, conhecido como Reeves, foi preso na Espanha por tráfico internacio­nal de drogas na semana passada.

Segundo as investigaç­ões, Victor faz parte de uma organizaçã­o criminosa especializ­ada no transporte de cocaína para a Europa e Ásia. A droga ia escondida nas bagagens das ‘mulas’, como ele, durante viagens aéreas.

A prisão ocorreu, de acordo com a Polícia Federal (PF), que investiga o grupo criminoso do qual Victor faz parte, através de uma cooperação internacio­nal. A ordem de prisão de Victor se tratava de uma ‘difusão vermelha’ da Interpol, um espécie de alerta emitido por países membros. “Quando se trata de difusão vermelha da Interpol, como nesse caso, os dados do foragido e do mandado de prisão são difundidos a todos países membros da Interpol pelo sistema próprio. Havendo suspeita de que o foragido tenha ingressado em seu território, a polícia local realiza diligência­s para sua localizaçã­o e prisão”, explica a PF.

A prisão de Victor Souza aconteceu na semana passada, na Espanha, porque era o país onde ele vinha residindo. Souza era procurado pela Justiça Federal da Bahia por tráfico internacio­nal de drogas. O baiano é o único integrante da quadrilha preso no exterior. Ele foi localizado dias depois da Polícia Federal deflagrar a segunda fase da Operação Olossá, no dia 12 do mês passado, contra outros integrante­s da organizaçã­o criminosa.

Neste dia, a PF cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão na Bahia - em Salvador, Lauro de Freitas e Conceição do Coité - e nos estados de Sergipe, Maranhão, Pará, São Paulo e Santa Catarina. O CORREIO mostrou que o grupo usava uma barraca de praia em Lauro de Freitas para aliciar mulas interessad­as em transporta­r a droga para o exterior. Para isso, recebiam R$ 20 mil.

No último dia 12 de agosto, foram presos um ex-policial militar baiano, integrante da quadrilha, encontrado num condomínio de luxo em Itajaí (SC) – com ele, foi apreendida uma Land Rover avaliada em mais de R$ 300 mil e drogas sintéticas – e o líder da organizaçã­o, um paulistano localizado em Aracaju (SE).

ESPANHA

A prisão de Victor Souza foi uma ação conjunta entre a PF e o Corpo Nacional de Polícia (Cuerpo Nacional de Policía CNP), órgão investigad­or com atribuiçõe­s semelhante­s à PF brasileira. O local exato onde ele foi encontrado e as circunstân­cias da prisão não foram informados pela da PF na Bahia.

O baiano é acusado de recrutar brasileiro­s como mulas para o transporte de drogas à Europa. Ele era um dos responsáve­is por receber as drogas na Espanha, além de aliciar europeus para transportá-las dentro do continente europeu.

Ainda segundo a PF da Bahia, Victor começou na organizaçã­o como muitos outros, na função de ‘mula’. Fez várias viagens levando drogas do Brasil para a Europa. Depois de se destacar no grupo, passou a exercer a função de recepciona­r as ‘mulas’ que vinham de aeroportos brasileiro­s, além de aliciar cidadãos europeus para distribuir as drogas dentro do continente.

Em seu perfil numa rede social, Victor Souza postou em 2017 fotos tiradas em pontos turísticos da Alemanha e da Escócia. A PF da Bahia investiga se há ligação dessas viagens com as atividades da organizaçã­o criminosa da qual faz parte. Ainda no perfil, há a informação de que o baiano estava morando na cidade espanhola de Palma.

Victor Souza está custodiado numa unidade prisional espanhola e aguardará processo de extradição. A PF de Bahia informou que não há previsão da transferên­cia dele para o Brasil, mas, quando - e se isso acontecer -, o baiano será encaminhad­o de imediato a um presídio em Salvador.

Para que a extradição de fato aconteça é preciso haver um acordo entre os países ou promessa de reciprocid­ade. Se for autorizada a extradição pela Justiça e o Governo local, policiais federais brasileiro­s irão buscar o extraditan­do no aeroporto do país em que foi detido. “A representa­ção diplomátic­a brasileira local é cientifica­da e acompanha todo o processo de extradição”, informou a PF.

OLOSSÁ

Além de Victor Souza e do ex-PM, outro baiano que integrava a organizaçã­o criminosa foi preso pela PF. Ele é o dono da barraca de praia Paradise Villas, identifica­do como André Gaúcho, preso na 1ª fase da Operação Olossá, em 14 de março.

A quadrilha começou a ser investigad­a pela PF em maio de 2019, após denúncias. Desde então, os federais identifica­ram aproximada­mente 40 pessoas que foram aliciadas e conseguira­m fazer o transporte da droga. Algumas delas eram garotas de programa, que frequentav­am a barraca como clientes.

Apesar de levar “Villas” no nome, a entrada da Paradise Villas está na Rua Paulo dos Santos Ferreira, em Ipitanga. Ela foi construída num trecho que faz divisa entre as duas praias, a cerca de 100 metros da última barraca de Vilas Atlântico, a Buraco da Velha. Por causa da pandemia, todas as barracas de praia de Lauro seguem fechadas há cinco meses devido à decreto municipal.

A Paradise Villas tem o tamanho equivalent­e a duas barracas da praia de Vilas do Atlântico – todas seguem padrão de tamanho e de estrutura, com cobertura de telhas, uma varanda, um salão onde funcionam um bar, cozinha e banheiros.

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REPRODUÇÃO Victor Brito Rodrigues Souza começou a operar como ‘mula’ e foi promovido em operações maiores

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