Mau tempo foi determinante para acidente, diz defesa
CAVALO MARINHO I Pela primeira vez após mais de três anos do acidente da embarcação Cavalo Marinho I, a empresa CL Empreendimentos, proprietária do barco, se pronunciou. Os advogados de defesa disseram, em coletiva de imprensa nessa sexta (4), que a causa determinante para o naufrágio que matou 19 pessoas e deixou 59 feridos em Mar Grande foi a condição climática adversa naquele 24 de agosto de 2017 e não os “problemas construtivos” da embarcação, como concluiu o julgamento do Tribunal Marítimo da Marinha, em 21 de agosto.
A investigação da Marinha apontou a empresa CL Empreendimentos, o proprietário da embarcação, Lívio Galvão, e o engenheiro Henrique Caribé Ribeiro, responsável técnico pelo barco, como culpados pela tragédia. A Corte proibiu o engenheiro de exercer a função em qualquer Capitania de
Portos por cinco anos. Ao sócio da CL Empreendimentos, Lívio Galvão, foi aplicada uma multa de 10.860 UFIRs (Unidades Fiscais de Referência) - a ser corrigida pelo setor de execução da Corte - e a empresa não poderá mais construir barcos, pois teve o registro de armador cancelado pela Marinha.
O principal problema que teria causado o acidente, segundo o engenheiro naval Vanderley Bernardo, foi que três ondas, de tamanho muito maior do que é normalmente visto naquela área da Baía de Todos-os-Santos, atingiram a Cavalo Marinho e, por isso, a embarcação teria naufragado. Como o barco não tinha sido construído para suportar ondas daquele tamanho (de 3,8 metros, segundo os advogados), não teria como ela aguentar o impacto.
“Três ondas que não deveriam existir numa Área 1 tiraram a embarcação do seu curso e emborcaram a embarcação. Mesmo estável, ela não resistiria, porque ela não era uma embarcação para aquele tipo de mar”, defendeu o engenheiro.
O engenheiro naval e advogado especialista em casos marítimos Castro Freire ratificou essa informação e ainda se baseou em outra justificativa para explicar a violência das ondas: a causa da morte de duas pessoas foi por traumatismo craniano e não por afogamento. Antes de fazer a argumentação, ele pediu desculpas às vítimas do acidente. A defesa alegou ainda que “alguém” deveria ter impedido
Por causa do feriado prolongado da Independência do Brasil, comemorado na segunda (7), o terminal do ferry-boat de Salvador registrou longas filas nessa sexta. Não haverá uma operação especial para a data neste ano. FOTO DE ARISSON MARINHO a embarcação de fazer a travessia Mar Grande-Salvador, por conta do mau tempo. Segundo os advogados, não foi emitido o aviso sobre o tempo no dia anterior.
A Marinha informou que essa competência é emitida pelo Centro de Hidrografia da instituição. “Os avisos são disponibilizados aos navegantes, inclusive, em sua página na internet.” A Capitania dos Portos não quis comentar a alegação porque
“as questões sobre o processo estão na esfera da Justiça”.