Caso Queiroz: juíza proíbe TV Globo de exibir documentos
RACHADINHA A Rede Globo de Televisão está proibida de exibir em seus telejornais documentos sigilosos sobre investigações contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). A proibição é fruto de uma decisão liminar tomada na noite das sexta (4/9) pela juíza de primeira instância Cristina Feijó, a pedido da defesa do senador. O advogado Rodrigo Roca, que defende o filho do presidente da República, afirmou que não comentaria o caso. A TV Globo também não havia se pronunciou a respeito da decisão até o fechamento desta edição.
Em nota, a ANJ (Associação Nacional de Jornais) afirmou que "qualquer tipo de censura é terminantemente vedada pela Constituição e, além de atentar contra a liberdade de imprensa, cerceia o direito da sociedade de ser livremente informada". "Isso é ainda mais grave quando se tratam de informações de evidente interesse público", declarou a associação.
Flávio Bolsonaro é suspeito de liderar um esquema de "rachadinha" em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio, onde foi deputado até o início de 2019. Rachadinha é o nome que se dá quando assessores parlamentares - de livre nomeação pelo político - entrega parte do mandato ao parlamentar que lhe nomeou.
Esta semana, o Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc) concluiu as investigações. As investigações foram abertas em julho de
2018 depois que um relatório do Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (Coaf) apontou uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio na Alerj.
Para os promotores que apuram o caso, Queiroz era o operador do esquema que também faria lavagem de dinheiro por meio de imóveis e da loja de chocolates do senador. Queiroz recebeu mais de R$ 2 milhões em 483 depósitos de outros assessores do gabinete. Além disso, os investigadores localizaram imagens de Queiroz pagando despesas pessoais de Flávio em dinheiro vivo.
O ex-assessor agora cumpre prisão domiciliar em seu apartamento na Taquara depois de ter sido preso na casa do advogado Frederick Wassef, que defendia Flávio na investigação.
Os autos foram submetidos para "tomada de providências" do procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem, e para o subprocurador-geral de Justiça de Assuntos Criminais e Direitos Humanos, Ricardo Ribeiro Martins.
A defesa do senador já recorreu ao Conselho Nacional do Ministério Público questionando a divulgação de informações sigilosas da investigação.
O senador comemorou a decisão em seu perfil no Facebook: "Não tenho nada a esconder e expliquei tudo nos autos, mas as narrativas que parte da imprensa inventa para desgastar minha imagem e a do presidente Jair Messias Bolsonaro são criminosas". Ele ilustrou a postagem com o símbolo da Globo em uma lata de lixo.