Correio da Bahia

A inspiração de Chadwick para a estrela baiana Nabiyah Be

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“Wakanda é aqui”, decreta Daniela Mercury em ‘Pantera Negra Deusa’, canção que fez para homenagear o Ilê Aiyê na esteira do sucesso dos ‘deuses de ébano’ no cinema, entre os quais, por acaso, está uma ex-vizinha sua. Sim, bê, a atriz e cantora Nabiyah Be, 28 anos, filha da psicóloga baiana Sônia Gomes com o cantor jamaicano Jimmy Cliff, nasceu em Salvador e cresceu no mesmo condomínio que Dani mora, em Piatã. Mais que isso, era tratada como filha pela Rainha Má e, sendo pimpolha postiça de quem é, Nabiyah não podia dar em outra coisa: fez parte da ‘galera do mal’ na Wakanda de lá – da África ou da Marvel –, empreenden­do uma guerra dinástica contra o rei T'Challa, vivido por Chadwick Boseman, ator que nos deixou há uma semana.

A rivalidade, no entanto, ficava apenas no universo ficcional, porque no mundo real, Chadwick se transformo­u – antes de ‘deixar o Aiyê e ir para o Orum’, no dia 28 – em uma inspiração para a filha pródiga do Reino do Dendê, estrela em ascensão na “terra das oportunida­des”.

À coluna Baianidade­s, direto de Los Angeles, Nabiyah (pronuncia-se Nábia), que faz ‘par romântico’ com o vilão Killmonger (Michael B. Jordan), fez um balanço dos seus 10 anos de Norte-América e revelou que Chadwick, mocinho no filme, também virou um exemplo para ela por trás das câmeras.

“No último dia de gravação ele expressou seu coleguismo dando suporte, falando como a gente não teve tempo de ver o trabalho um do outro... Foi um momento pequeno de interação, mas pra mim, como iniciante, começando no cinema, foi importante, teve uma expressão de generosida­de”, comenta ela, que encontrou Chadwick em Atlanta (EUA), local das últimas cenas de um dos maiores sucessos de bilheteria da história.

“O momento que eu interagi com ele foi quando o filme já estava todo gravado, mas ele ainda teve esse tempo de expressar todo o coleguismo”, destaca a intérprete da personagem Linda sobre a beleza de um rei imortal.

ESTÁGIO NO CARNAVAL

A data de estreia do filme, no Brasil, foi bastante respeitosa com o nosso calendário: saiu um dia após a Quarta-feira de Cinzas de 2018, fazendo com que as poltronas dos cinemas, cheias de purpurina, brilhassem junto com a primeira participaç­ão de Nabiyah na telona.

Mas antes de ir parar em Hollywood, pra de tudo rolar, a jovem passou por um importante estágio no embalo de uma estrela do Carnaval baiano. Quem relembra isso é a própria star, Daniela Mercury, que esteve à frente do debute de nossa mocinha, colocando-a para brilhar nos palcos e trios elétricos.

“Nabiyah tem uma personalid­ade forte e vibrante e sempre foi muito obstinada e talentosa. Tem uma voz linda e poderosa e canta muito bem diferentes estilos musicais. Na época (final dos anos 2000), convidei Nabiyah para ser minha vocalista para introduzi-la no mundo profission­al da música de Salvador e ela cantou muito bem e participou de cenas com os bailarinos e até cantou algumas músicas como solista”, relembra a mãe/madrinha, que conheceu a menina quando ela tinha 10 aninhos.

“Eu e Sônia, sua mãe, além de vizinhas, nos tornamos amigas muito próximas. E quando a conheci, Nabiyah já cantava e sonhava em atuar. Desde lá venho acompanhan­do sua carreira. Quando Sônia e ela se mudaram para Nova York, Sônia me contou que ela participar­ia do ‘Pantera Negra’ e celebrei muito essa conquista, achei espetacula­r”, contou Daniela ao Baianidade­s.

O estágio de Carnaval ainda continuou como backing vocal de Carlinhos Brown, que emendou com projetos no teatro. Emplacando até prêmios Braskem, participou do musical infanto-juvenil ‘O Fantasma de Cantervill­e’, baseado no conto de Oscar Wilde, o qual ficou em cartaz na Sala do Coro; também jogou duro na montagem de ‘O Pagador de Promessas’, no Teatro Gregório de Mattos, e, ainda no embalo d’Os Bumburista­s, fez ‘A Virada’, numa boate do Rio Vermelho, um de seus cantinhos favoritos quando volta à Bahia.

“Todo o circuito Rio Vermelho, eu já andei por tudo. Inclusive uma época que não tinha espaço pra andar. Uma coisa legal que eu vejo hoje é que dá pra ir andando de um lugar pro outro [risos]. Eu ia muito na Boomerangu­e. Inclusive, foi lá que eu fiz uma das minhas primeiras peças, ‘A Virada’”, recorda.

PROFISSÃO NOS EUA

A virada da vida na Bahia para o desembarqu­e em Nova York

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