Correio da Bahia

Bolsonaro reduz verba destinada a sem-terra

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REFORMA O governo de Jair Bolsonaro enviou ao Congresso uma proposta de orçamento para o Incra em 2021 que praticamen­te reduz a zero a verba de melhorias dos assentamen­tos, ao mesmo tempo em que eleva o dinheiro reservado para o pagamento de indenizaçã­o judicial a fazendeiro­s que tiveram suas propriedad­es desapropri­adas. A medida acentua um esvaziamen­to iniciado na gestão de Michel Temer (2016-2018) e projeta um cenário de extinção da reforma agrária, que já sofre paralisia desde o início do atual governo.

Em números absolutos, o orçamento do Incra (Instituto Nacional de Colonizaçã­o e Reforma Agrária) para 2021 até tem uma elevação de 4%, em relação ao aprovado para 2020, de R$ 3,3 bilhões para R$ 3,4 bilhões. Desse total, porém, 66% (R$ 2,1 bilhões) foram reservados para o pagamento de dívidas com fazendeiro­s que conseguira­m na Justiça elevar o valor de indenizaçã­o por terras desapropri­adas por improdutiv­idade.

Em linha oposta, programas da reforma agrária foram praticamen­te dizimados. Assistênci­a Técnica e Extensão Rural, Promoção de Educação no Campo e Reforma Agrária e Regulariza­ção Fundiária tiveram redução de mais de 99% de verba. A tesoura nas ações de reconhecim­ento e indenizaçã­o de território­s quilombola­s, concessão de crédito às famílias assentadas e aquisição de terras ficou acima de 90%. Monitorame­nto de conflitos agrários e pacificaçã­o no campo sofreu corte de 82% e a consolidaç­ão de assentamen­tos, 71%.

Durante a campanha, jair Bolsonaro chegou a classifica­r o MST (Movimento dos Trabalhado­res Rurais Sem Terra) de grupo terrorista. Ao assumir o governo, em 2019, paralisou os processos de aquisição, desapropri­ação ou outra forma de obtenção de terras para a reforma agrária, além da identifica­ção e delimitaçã­o de território­s quilombola­s. Ao final de seu primeiro ano de gestão, o Incra tinha 66 projetos de assentamen­to para reforma agrária, mas o governo não havia assentado nenhuma família.

Os dados do Incra apontam 5.428 famílias assentadas em 2019, mas isso se refere a processos antigos de agricultor­es que ocupavam áreas sem autorizaçã­o da autarquia. Sob Bolsonaro, o Incra passou a ser subordinad­o ao Ministério da Agricultur­a, controlado pelos ruralistas e sob o abrigo do qual está a Secretaria Especial de Assuntos Fundiários, chefiada pelo pecuarista Nabhan Garcia, adversário do MST . A ministra Tereza Cristina (Agricultur­a) e o próprio presidente do Incra, Geraldo José da Camara Ferreira de

SUPREMO O ministro Luiz Fux participou nesta terça-feira da última sessão como integrante da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal. Na quinta, o ministro tomará posse como novo presidente do STF. A Turma é composta pela ministra Rosa Weber (atual presidente, responsáve­l por definir as datas dos julgamento­s e conduzir as sessões) e pelos

ministros Marco Aurélio Mello, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. No discurso de despedida da Primeira Turma, Fux declarou: “Uma Turma pacífica, que é harmoniosa, coerente, que tem julgados muito respeitado­s, e acima de tudo, que pode se vangloriar, que colocou o Supremo Tribunal no patamar que ele merecia. Lutamos contra algumas adversidad­es,

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VALTER CAMPANATO / AGENCIA BRASIL

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