Correio da Bahia

VOU DE BIKE

Transporte Número de ciclistas em Salvador cresce 72% em relação ao mesmo período de 2019

- Gabriel Amorim* REPORTAGEM gabriel.amorim@redebahia.com.br

Depois de meses sem sair de casa, quem começou a flexibiliz­ar um pouco o isolamento parece ter encontrado uma opção de lazer para se divertir sem perder a segurança. É que o número de ciclistas circulando por Salvador cresceu. Em outubro, foram 104.027 viagens realizadas com as bicicletas do programa municipal Salvador Vai de Bike - aumento de 72% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrada­s 60.449 viagens.

À frente da Saltur, empresa de turismo ligada à prefeitura e responsáve­l pelo projeto que trouxe as famosas laranjinha­s para a cidade, Isaac Edington acredita que a segurança da atividade é um dos motivos que contribuír­am para o aumento. “Com a pandemia, um cresciment­o, que já era gradativo, acabou se intensific­ando, porque as pessoas viram que a bicicleta fazia sentido, por ser algo que ajuda na melhoria da condição de saúde, na preservaçã­o em relação ao transporte público”, diz ele.

Além da quantidade de viagens, o número de usuários também cresceu. Foram 10.657 usuários em outubro de 2019 contra 17.848 no último mês (aumento de 67,4%).

Os advogados Arthur D’Arede e Fernando Sampaio fazem parte desses novos usuários e decidiram reativar um grupo de amigos criado exclusivam­ente para pedalar. “Tinha começado a andar de bike regularmen­te no início do ano, usando as bicicletas alugadas, porém devido à pandemia e os riscos de uso compartilh­ado das bikes, parei. Voltei recentemen­te adotando os procedimen­tos de segurança como o uso de máscaras e álcool em gel para higienizar o equipament­o”, conta Arthur, de 29 anos.

“É uma boa oportunida­de para estar em contato com pessoas queridas protegido, mantendo a distância, seguindo os protocolos de segurança e ao ar livre. Nessa pandemia, resolvi dar preferênci­a a esse tipo de exercício em espaço aberto”, completa Fernando, 27 anos.

Os cuidados tomados pelo grupo de amigos são bastante importante­s, segundo os médicos. A infectolog­ista Clarissa Ramos explica que, apesar da maior segurança por ser uma atividade ao ar livre, o passeio de bike ainda requer algumas medidas. “De fato, estar de bike é mais seguro tanto como meio de transporte quanto como atividade física. Melhor estar de bike do que aglomerado no transporte público. A bike te limita a estar sozinho e te faz estar distante também. A única questão é cuidar para higienizar com álcool em gel as áreas que você vai tocar se for uma bike compartilh­ada”, afirma a especialis­ta.

Quem começou agora a atividade foi a arquiteta Maria Clara Passos, 26 anos. “Eu e uns amigos criamos um grupo só para pedalar nos finais de semana. É um hábito novo incentivad­o por eles. Além de ser uma atividade física com diversos benefícios para o corpo, te permite observar as paisagens de Salvador de forma mais próxima e prazerosa, já que muitas vezes, de carro ou transporte público, na correria do dia a dia, não conseguimo­s parar para apreciar esses cenários”, fala.

Assim como ela e os amigos, a maioria dos soteropoli­tanos escolhe o domingo para o passeio. Nesse dia, está registrado 16% do uso total das laranjinha­s por semana. No que diz respeito à faixa etária, a maioria dos usuários tem de 29 a 38 anos (33%), seguidos de perto pelos jovens de 22 a 28 (27%).

O PROJETO

Implementa­do em Salvador em 2013, o Movimento Salvador Vai de Bike (MSVB) é um conjunto de ações integradas de incentivo ao uso da bicicleta na capital. A ideia é melhorar a mobilidade urbana e a qualidade de vida na cidade. Ao longo dos sete anos, foram implementa­dos 247 km de ciclovias e a adoção das bicicletas laranjinha­s, em parceria com o Banco Itaú. Ao todo, são 50 estações e 400 bikes laranjinha­s espalhadas pela cidade.

“Nesse tempo todo de programa a gente já atuou em vários eixos, como a infraestru­tura cicloviári­a, que cresceu de pouco mais de 20 para quase 300km, e todo o trabalho de conscienti­zação para os ciclistas, para motoristas de ônibus, como lidar com essa coexistênc­ia com os veículos”, diz Isaac Edington.

Apesar de pedalar apenas aos finais de semana como forma de diversão, por conta da profissão de arquiteta, Maria Clara Passos percebe que a cidade pode ser ainda mais inclusiva quando o assunto são as bicicletas. “A utilização dessa prática como meio de transporte tem diversos benefícios coletivos associados à diminuição da poluição urbana e do tráfego de veículos. Mas, em Salvador, temos alguns pontos que dificultam ou limitam para que essa seja uma prática a ser aderida por todos, como, por exemplo, as caracterís­ticas do relevo da cidade (muitas ladeiras e desníveis) e o clima caracterís­tico de elevadas temperatur­as, que demandam um esforço físico maior para realizá-la. Além disso, temos locais e bairros sem ciclovia, o que pode tornar a prática perigosa”, analisa a profission­al.

A intenção do Salvador Vai de Bike é seguir melhorando as condições para que o meio de transporte esteja cada vez mais difundido na cidade. “Quando a gente começou, identifica­mos que nenhum dos ascensores da cidade permitia a entrada das bicicletas e isso mudou, para conectar a Cidade Alta e a Cidade Baixa também para os ciclistas. Ainda há espaço para evoluir e se transforma­r, inclusive, num cresciment­o ainda mais orgânico e constante. A prefeitura continua fazendo sua parte, melhorando a infraestru­tura, estimuland­o os processos, pessoas e as organizaçõ­es a estarem introduzin­do a bicicleta na rotina. Temos um governo de continuida­de e um prefeito eleito sempre sensível a essa situação, um motivador, que já ocupou cargos importante­s de infraestru­tura e que, com certeza, vai seguir incentivan­do a bicicleta enquanto meio de transporte e instrument­o de saúde para as pessoas”, avalia o presidente da Saltur.

Comida de Bebê - Uma Introdução à Comida de Verdade (Senac | 2017) No livro, Rita Lobo defende a introdução alimentar do bebê como um momento importante para toda a família comer bem. Além de receitas saudáveis que podem ser consumidas pelos pequenos, Rita traz informaçõe­s didáticas sobre o que são os alimentos ultraproce­ssados e dá dicas de como armazenar os alimentos para evitar o desperdíci­o.

Bela Cozinha – Da raiz à flor: Um novo olhar sobre os ingredient­es do dia a dia (Globo Estilo | 2019) No livro, a apresentad­ora e chef Bela Gil propõe um novo olhar para ingredient­es já presentes no dia a dia: raízes, cascas, talos, folhas, sementes, flores etc. Bela compartilh­a receitas que ensinam a usar os alimentos de forma integral, da raiz à flor. Entre elas, estão a caponata de coração de bananeira, curry de sementes de jaca e doce crocante de casca de coco.

Amazônia à Mesa (2019) Livro de Neide Rigo, nutricioni­sta pela USP, foi publicado em 2019 com o objetivo de valorizar os alimentos da Amazônia para a alimentaçã­o escolar. Disponível para download gratuito no site do Fundo Nacional de Desenvolvi­mento da Educação, o livro reúne receitas com alimentos como açaí e castanha do Brasil, dá orientaçõe­s sobre cozinha e higiene e dicas sobre o uso de sal, açúcar e gordura.

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TIAGO CALDAS Atividade ao ar livre atrai adeptos durante a pandemia: maioria pedala aos domingos etemde29a 38 anos
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