Falar sozinho não é coisa de maluco
Caso veja um operador de trem do metrô apontando para a frente e falando sozinho enquanto comanda a máquina, não se assuste. Ele está conversando consigo mesmo, mas não está maluco. O gesto e a fala têm um objetivo: manter a concentração durante o serviço. Isso porque, ao falar "sinaleiro favorável, iniciando movimentação" - texto dito antes de saírem com o trem da estação -, o operador está colocando em prática um método de segurança japonês, o shisa kanko, que ajuda a manter o foco e ter ciência do comando que está executando. A prática, que é utilizada por poucos no Brasil, surgiu no começo do século XX, nas linhas férreas japonesas, para checar se tudo estava em ordem com a sinalização dos trens e, comprovadamente, reduz 86% dos riscos de erros na atividade.
Apesar da grande eficiência, o método está longe de ser complexo. Basicamente, o shisa kanko funciona da seguinte forma: o operador se concentra no sinaleiro; aponta com firmeza; leva a mão ao ouvido para pensar e falar; e, por fim, aponta novamente para o sinaleiro verbalizando de acordo com o aspecto luminoso, que pode estar verde, liberando o deslocamento, ou vermelho, indicando que algo ainda precisa ser ajustado antes da saída. De acordo a Universidade de Hiroshima, os erros foram reduzidos em 86% para as pessoas que praticaram
o apontar e falar.
MELHORA INSTANTÂNEA
Os operadores, que fazem uso da técnica diariamente há dois meses, aprovam o novo método. Caroline Brito, 27 anos, é operadora de trem há 5 e aprova a experiência. Para ela, é mais fácil detectar problemas enquanto diz o que precisa fazer. "Aumenta muito a nossa concentração em relação à sinalização que comanda a dinâmica dos trens, parece que a gente fica mais ligado", justifica. "É como se a nossa cabeça tivesse um ou dois alertas a mais sobre o que é preciso fazer por conta do gesto e da nossa voz. Isso dá mais segurança para os passageiros e pra gente", completa. A sinalização que Caroline