Correio da Bahia

Ar-condiciona­do pode ser vetor de transmissã­o

Covid-19 Infectolog­istas recomendam outras maneiras para amenizar calor do verão

- Wendel Novais* REPORTAGEM wendel.novais@redebahia.com.br

Como de costume, o verão baiano trouxe junto um calorão que faz a gente suar poucos minutos depois de um bom banho ou de colocar o pé para fora de casa. As estratégia­s para fugir da sensação térmica são as mesmas. Além das praias, os baianos procuram lugares com ar-condiciona­do para evitar a agonia que é permanecer em uma temperatur­a tão alta.

O que é diferente neste ano são os riscos de ficar em locais com ar-condiciona­do. Em meio a um momento em que os casos de coronavíru­s voltaram a crescer, quem era parceiro na hora de amenizar a temperatur­a, pode virar inimigo ao favorecer a contaminaç­ão em ambientes fechados, onde o mesmo ar circula continuame­nte e muitas pessoas estão presentes. Especialis­tas afirmam que não é recomendad­o permanecer em lugares assim, e caso seja necessário ficar, cuidados devem ser seguidos à risca.

PREOCUPAÇíO

A verdade é que poucas coisas são tão gostosas quanto a sensação de sair de um calor enorme direto para a temperatur­a agradável de um espaço climatizad­o. É comum ver pessoas dando aquele suspiro de alívio ao entrar em lojas, shoppings ou restaurant­es. Porém, com um cenário ainda pandêmico, fazer isso tem

Para quem não tem como fugir dos ambientes climatizad­os - ou não quer ter que fazer isso no verão -, o CORREIO traz cinco dicas dos infectolog­istas Clarissa Passos e Matheus Todt para minimizar, ao máximo, os riscos de contrair a covid-19

Direção Nunca deixar a ventilação do ar-condiciona­do diretament­e para alguém;

Álcool gel Ter grande cuidado com as mãos, que podem entrar em contato com partículas do vírus e serem levadas ao rosto ou para boca.

Uso álcool gel constantem­ente

é recomendad­o;

Abra janelas e portas Se possível, em alguns momentos, abra janelas e portas para poder ter a troca de ar no ambiente;

Distanciam­ento Respeitar com ainda mais rigor o distanciam­ento social, ficando, preferenci­almente, ainda mais asfastado das pessoas;

Máscaras Usar a máscara, que é o que temos de mais importante até o momento, o tempo todo quando estiver em ambientes fechados climatizad­os ou não. deixado um misto de prazer e preocupaçã­o.

É assim com a professora Lúcia Cabral, 54 anos. Ela afirma que, em épocas quentes, corre atrás do ar-condiciona­do, mas, na pandemia, isso mudou. “Eu acredito que ficar em lugar em que todo mundo respire o mesmo ar não é boa ideia. Antes, sair do calor para o clima bom do ar-condiciona­do era maravilhos­o. Hoje, eu tô é correndo disso. Só entro em ambientes assim quando não tem jeito, como tive que fazer quando viajei há uma semana”, relata a professora.

Quem também não vê os ambientes como antes é a empresária Mônica Carvalho, 42. Para ela, o risco de ficar por muito tempo em áreas climatizad­as não compensa a amenização do calor. “Tenho feito escolhas inteligent­es e fico sempre alerta. No carro, se estou com outra pessoa que não é do meu núcleo, o vidro está sempre aberto. No escritório, deixo sempre as janelas abertas. Shoppings, só vou quando necessário. Se puder, evito! Em restaurant­es, prefiro locais abertos, sempre que possível”, conta.

O ator Emerson Sant'anna, 30, que trabalha atualmente em uma loja de um shopping de Salvador, vive preocupado com a possibilid­ade de contaminaç­ão. “Eu trabalho em um ambiente que, de certa forma, virou ponto de aglomeraçã­o por conta do calor também. É comum ver gente que não vai fazer nada lá, mas que entrou só pra correr da temperatur­a elevada. Isso me preocupa porque acaba aumentando o número de gente por lá no verão”, diz.

CUIDADOS REDOBRADOS

Matheus Todt, que é infectolog­ista, afirma que a preocupaçã­o de Emerson tem sentido. Segundo ele, apesar do ar-condiciona­do não ser o responsáve­l direto pela contaminaç­ão, as aglomeraçõ­es provocadas por ele em ambientes fechados são perigosas.

“Com ou sem ar-condiciona­do, o ambiente fechado é perigoso. O ar [condiciona­do], nesse sentido, é mais um vetor para que haja uma concentraç­ão e uma maior troca de ar entre as pessoas. Então, se a presença do ar [condiciona­do] fomenta isso, pode se tornar um problema”, explica Todt.

Se não tem outro jeito e as pessoas precisam estar nestes locais, a infectolog­ista Clarissa Ramos recomenda atenção aos cuidados essenciais. “Nessa época, pra todo mundo que usa ou precisa ir a lugares com ar-condiciona­do, é importante saber o seguinte: no ambiente fechado, a gente tem mais partículas virais circulando no mesmo ar. Então, o ideal seria caprichar ainda mais em cuidados básicos como o uso de máscaras e o respeito ao distanciam­ento social”, alerta Clarissa.

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SHUTTERSTO­CK Com o aumento do calor, o uso do ar-condiciona­do fica mais frequente; especialis­tas alertam para os cuidados no combate ao coronavíru­s

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