Ar-condicionado pode ser vetor de transmissão
Covid-19 Infectologistas recomendam outras maneiras para amenizar calor do verão
Como de costume, o verão baiano trouxe junto um calorão que faz a gente suar poucos minutos depois de um bom banho ou de colocar o pé para fora de casa. As estratégias para fugir da sensação térmica são as mesmas. Além das praias, os baianos procuram lugares com ar-condicionado para evitar a agonia que é permanecer em uma temperatura tão alta.
O que é diferente neste ano são os riscos de ficar em locais com ar-condicionado. Em meio a um momento em que os casos de coronavírus voltaram a crescer, quem era parceiro na hora de amenizar a temperatura, pode virar inimigo ao favorecer a contaminação em ambientes fechados, onde o mesmo ar circula continuamente e muitas pessoas estão presentes. Especialistas afirmam que não é recomendado permanecer em lugares assim, e caso seja necessário ficar, cuidados devem ser seguidos à risca.
PREOCUPAÇÃO
A verdade é que poucas coisas são tão gostosas quanto a sensação de sair de um calor enorme direto para a temperatura agradável de um espaço climatizado. É comum ver pessoas dando aquele suspiro de alívio ao entrar em lojas, shoppings ou restaurantes. Porém, com um cenário ainda pandêmico, fazer isso tem
Para quem não tem como fugir dos ambientes climatizados - ou não quer ter que fazer isso no verão -, o CORREIO traz cinco dicas dos infectologistas Clarissa Passos e Matheus Todt para minimizar, ao máximo, os riscos de contrair a covid-19
Direção Nunca deixar a ventilação do ar-condicionado diretamente para alguém;
Álcool gel Ter grande cuidado com as mãos, que podem entrar em contato com partículas do vírus e serem levadas ao rosto ou para boca.
Uso álcool gel constantemente
é recomendado;
Abra janelas e portas Se possível, em alguns momentos, abra janelas e portas para poder ter a troca de ar no ambiente;
Distanciamento Respeitar com ainda mais rigor o distanciamento social, ficando, preferencialmente, ainda mais asfastado das pessoas;
Máscaras Usar a máscara, que é o que temos de mais importante até o momento, o tempo todo quando estiver em ambientes fechados climatizados ou não. deixado um misto de prazer e preocupação.
É assim com a professora Lúcia Cabral, 54 anos. Ela afirma que, em épocas quentes, corre atrás do ar-condicionado, mas, na pandemia, isso mudou. “Eu acredito que ficar em lugar em que todo mundo respire o mesmo ar não é boa ideia. Antes, sair do calor para o clima bom do ar-condicionado era maravilhoso. Hoje, eu tô é correndo disso. Só entro em ambientes assim quando não tem jeito, como tive que fazer quando viajei há uma semana”, relata a professora.
Quem também não vê os ambientes como antes é a empresária Mônica Carvalho, 42. Para ela, o risco de ficar por muito tempo em áreas climatizadas não compensa a amenização do calor. “Tenho feito escolhas inteligentes e fico sempre alerta. No carro, se estou com outra pessoa que não é do meu núcleo, o vidro está sempre aberto. No escritório, deixo sempre as janelas abertas. Shoppings, só vou quando necessário. Se puder, evito! Em restaurantes, prefiro locais abertos, sempre que possível”, conta.
O ator Emerson Sant'anna, 30, que trabalha atualmente em uma loja de um shopping de Salvador, vive preocupado com a possibilidade de contaminação. “Eu trabalho em um ambiente que, de certa forma, virou ponto de aglomeração por conta do calor também. É comum ver gente que não vai fazer nada lá, mas que entrou só pra correr da temperatura elevada. Isso me preocupa porque acaba aumentando o número de gente por lá no verão”, diz.
CUIDADOS REDOBRADOS
Matheus Todt, que é infectologista, afirma que a preocupação de Emerson tem sentido. Segundo ele, apesar do ar-condicionado não ser o responsável direto pela contaminação, as aglomerações provocadas por ele em ambientes fechados são perigosas.
“Com ou sem ar-condicionado, o ambiente fechado é perigoso. O ar [condicionado], nesse sentido, é mais um vetor para que haja uma concentração e uma maior troca de ar entre as pessoas. Então, se a presença do ar [condicionado] fomenta isso, pode se tornar um problema”, explica Todt.
Se não tem outro jeito e as pessoas precisam estar nestes locais, a infectologista Clarissa Ramos recomenda atenção aos cuidados essenciais. “Nessa época, pra todo mundo que usa ou precisa ir a lugares com ar-condicionado, é importante saber o seguinte: no ambiente fechado, a gente tem mais partículas virais circulando no mesmo ar. Então, o ideal seria caprichar ainda mais em cuidados básicos como o uso de máscaras e o respeito ao distanciamento social”, alerta Clarissa.