Correio da Bahia

Grupo pede impeachmen­t do presidente Bolsonaro

Manifestaç­ão, em Brasília, também defendeu a vacina contra a covid-19

- Das Agências REPORTAGEM correio24h­oras@redebahia.com.br

Um grupo se reuniu na Praça dos Três Poderes, em Brasília, ontem, para pedir o impeachmen­t do presidente Jair Bolsonaro. Eles estenderam uma bandeira do Brasil em frente ao Palácio do Planalto, sede do Poder Executivo, bateram panelas e exibiram cartazes com palavras contra o mandatário e a favor da vacinação contra o coronavíru­s.

O ato "Impeachmen­t na Rua" foi organizado por um movimento supraparti­dário e consistiu numa performanc­e artística, em que uma pessoa vestida de "morte", carregando uma foice nas mãos, ia "matando" outros participan­tes do protesto.

O presidente Jair Bolsonaro é um crítico da vacina produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a empresa chinesa Sinovac e que teve o seu uso emergencia­l aprovado ontem pela Anvisa. Em uma ocasião ao ser questionad­o sobre a Coronavac por um apoiador, o presidente questionou a eficácia da vacina. “Essa aí é boa?”, disse o presidente.

Em ação conjunta, partidos de oposição decidiram, na última sexta-feira (15), apresentar um novo pedido de impeachmen­t contra Jair Bolsonaro, por crime de responsabi­lidade em relação às condições de saúde no Amazonas.

O pedido é assinado por lideres na Câmara do PT, PSB, PT, PCdoB, PDT e Rede, além do líder da Minoria. No texto, as legendas consideram a “prática de crimes de responsabi­lidade em série, que resultaram na dor asfixiante do Amazonas e de milhares de famílias brasileira­s”.

Esse é o 57º pedido de impeachmen­t contra Bolsonaro. Dos 56 pedidos enviados anteriorme­nte ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e recebidos pela Casa, apenas um foi arquivado até hoje.

Em entrevista, ontem, o vice-presidente Hamilton Mourão, disse que não acredita que que haja condição de prosperar qualquer pedido de impeachmen­t contra o presidente Bolsonaro, "o mais atacado, nos últimos anos".

"Quantos pedidos de impeachmen­t o Sarney, o Fernando Henrique, o Lula tiveram? Só a Dilma, coitada, é que não conseguiu sobreviver. E o Collor, obviamente. Aqui no Brasil qualquer coisa é impeachmen­t, né? Deixa o cara governar, pô!".

OXIGÊNIO

A pressão nas redes sociais para que autoridade­s tomem providênci­as contra o presidente também cresceu nos últimos dias, com a repercussã­o do colapso no sistema de saúde em Manaus, principalm­ente por conta da falta de oxigênio nos hospitais. Duas cargas de oxigênio encaminhad­as pelo governo federal a Manaus, no mês de maio de 2020 e neste final de semana, dariam para abastecer o Amazonas por apenas poucas horas.

Na manhã de sábado, o presidente Jair Bolsonaro propagande­ou nas redes sociais que no dia 3 de maio mandou um carregamen­to de 200 cilindros de oxigênio ao Estado, algo em torno de 2 mil metros cúbicos do produto. Também no sábado, o Ministério da Defesa divulgou nota destacando que mais 6 mil metros cúbicos foram encaminhad­os ao estado, o que totalizari­a 8 mil metros cúbicos do oxigênio.

De acordo com o governo do Amazonas, no entanto, a demanda diária, que estava antes do segunda onda da pandemia de covid-19, em torno de 30 mil metros cúbicos, subou para mais de 70 mil na última semana. As duas remessas, dessa forma, não somariam nem 10% da demanda total de um dia dos hospitais do estado.

Se for levado em conta os 200 cilindros de oxigênio que o presidente da República, Jair Bolsonaro, disse no Twitter que enviou no mês de maio para o Amazonas, o volume não daria para abastecer os hospitais do estado nem por duas horas, mesmo se fosse considerad­a a demanda de períodos anteriores à pandemia.

Desde a última quarta-feira, quando o sistema de saúde do Amazonas entrou definitiva­mente em colapso, o presidente passou a ser cobrado a dar uma resposta imediata ao problema. As mortes de pessoas por asfixia, devido à falta de oxigênio, ganharam o mundo.

O governo brasileiro também foi duramente criticado pela OMS. Nas redes sociais e no meio político o presidente também passou a ser cobrado com maior intensidad­e, até que Bolsonaro resolveu, na última sexta-feira se defender. "Fiz tudo o que estava ao meu alcance, o problema agora é do estado do Amazonas e da Prefeitura de Manaus", disse

Quantos pedidos de impeachmen­t o Sarney, o Fernando Henrique, o Lula tiveram? Só a Dilma, coitada, é que não conseguiu sobreviver. E o Collor, obviamente. Aqui no Brasil qualquer coisa é impeachmen­t, né? Deixa o cara governar, pô! Hamilton Mourão

final do ano. O epidemiolo­gista Eduardo Martins Netto, da Fundação José Silveira e da Ufba, aponta que um cresciment­o na contaminaç­ão já pode ser percebido, mas ainda não é possível fazer uma análise completa das consequênc­ias das viagens e festas de final de ano. "O pico deve ser atingido em mais duas semanas. Estamos em um aumento ainda. Ainda existe uma variação do tempo para a confirmaçã­o dos casos pelo atraso para analisar os testes, portanto, estamos vendo um cenário que ocorreu há dias atrás", explica.

Martins Netto ressalta que o cresciment­o na variação das médias móveis era esperado pela forma como as pessoas estavam se expondo no final do ano, mas não é por isso que deixa de ser preocupant­e. O especialis­ta pontua que o aumento percentual pode ter influência da data da coleta, já que menos pessoas estão trabalhand­o durante o período de final de ano e 1º de janeiro é feriado, o que pode ter baixado a produção de dados coletados.

Mesmo expandindo a análise para antes das festas, é possível perceber o aumento da média móvel de casos em algumas cidades. Na comparação entre o dia 15 de dezembro com 15 de janeiro, a variação da taxa em Porto Seguro é de 111%. Camaçari aparece com o segundo maior cresciment­o no período, com uma alta de 110%, apontam os cálculos realizados pelo CORREIO com dados do MonitoraCo­vid-19. Entre as datas, Jandaíra passou de uma média móvel de 0,86 para 0.

Variação 67% 56% 132% 87% 84% 141% -22% 51%

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GABRIELA BILÓ/ESTADÃO CONTEÚDO Manifestan­tes realizamum ato pela vacinação e pelo impeachmen­t do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em frente ao Palácio do Planalto

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