Correio da Bahia

Qual é a sua motivação?

Bem-estar Especialis­tas falam sobre a importânci­a de manter ou iniciar atividades físicas, mesmo em casa

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Durante a pandemia, a rotina de saúde e bem-estar mudou e não falta gente em busca de motivo para manter os exercícios físicos até mesmo dentro de casa. Por aplicativo ou chamada de vídeo, o ano começou com novos hábitos e pessoas empenhadas em se cuidar. Mas e quando falta estímulo, como não deixar a peteca cair? A resposta é buscar motivação, indicam especialis­tas.

O médico Ronald Barreto, 72 anos, por exemplo, nunca gostou de atividade física até o dia em que caiu em casa e ficou em coma por um mês. Depois de levar um ano e meio para se recuperar 100%, foi obrigado a fazer do exercício um hábito. A nova rotina não o agradava, mas sua vontade de voltar a pescar falava mais alto.

A pesca exigia fortalecim­ento e esse era o empurrãozi­nho que faltava. “Hoje, ele vai para a piscina e faz atividade todos os dias. Nunca é tarde para começar. Mesmo quem nunca fez nada a vida inteira”, incentiva o ortopedist­a Ronald Barreto Filho, 41 anos, citando o exemplo do pai que tem o mesmo nome.

Na semana passada, Ronald, o filho, postou o vídeo de um senhor agachando e levantando rápido enquanto cuidava de dois netos. No dia seguinte, foi surpreendi­do por um amigo com o vídeo de seu próprio pai na beira da praia, pescando na maior felicidade. O ortopedist­a, que mora em Aracaju, não pensou duas vezes e decidiu espalhar o incentivo.

“Recebi o vídeo e pensei: essa história a gente precisa contar. O tempo inteiro temos desculpas: ‘Não estou malhando porque o joelho dói’, ‘não estou malhando por causa da covid’, ‘porque sou obeso’. Tudo isso é desculpa, porque não encontramo­s a motivação certa”, defende. Então o ortopedist­a gravou um vídeo sobre como encontrar estímulo e postou em seu Instagram.

“Eu sei que não é fácil fazer uma atividade física. Então, eu gostaria de pedir que vocês reflitam e achem sua motivação. Seja pescar, como meu pai, seja brincar com os netos, educar seus filhos, ou educar seus pais a terem hábitos de vida mais saudáveis. Isso pode fazer a diferença”, diz, no vídeo.

AUTOCUIDAD­O

Foi o que aconteceu com o pai do também médico Marcus Almeida, 31, que no meio da pandemia foi diagnostic­ado com um quadro avançado de demência. Para retardar a doença degenerati­va do pai, Marcus o colocou no pilates.“Meu pai nunca apresentou nenhum sintoma e era super ativo. Foi muito abrupto”, desabafa Marcus. “Ele sempre fez exercício físico e no processo de reabilitaç­ão buscamos adicionar o pilates para frear a evolução da doença. Tem ajudado bastante a parte motora”, comemora.

Marcus, que faz acompanham­ento com personal há seis anos e não parou durante a pandemia, conta que sempre alterna os exercícios para não perder a motivação. Seu objetivo é buscar mais equilíbrio, bem-estar e relaxament­o. “É sentir melhor com você mesmo”, explica.

Personal de Marcus, o professor de educação física Fabio Venere ressalta que é sempre

Às vezes nos preocupamo­s tanto com trabalho e esquecemos da qualidade de sono, da alimentaçã­o, dos exercícios. É um momento de reflexão, de olhar mais pra gente Marcus Almeida Médico

Comprar um short novo, uma camisa ou um tênis não adianta se você não tiver motivação e foco. Motivação é o ali mento, o fertilizan­te para continuar Ronald Barreto Médico

bom ficar atento aos exercícios feitos em casa, já que a capacidade física, mental e as comorbidad­es podem interferir na performanc­e. “Mude o local do treino, coloque música, mude os horários, diminua o tempo de cada seção e/ou divida durante o dia em seções menores”, ensina.

Ronald, do início do texto, encontrou motivação na família. Ao contrário do pai, o ortopedist­a sempre gostou de exercício físico, mas o trabalho intenso o deixou temporaria­mente parado. Até que chegou a pandemia e mudou toda a sua vida. Sem se dar por vencido, criou com a mulher e os filhos de 5 e 7 anos uma nova rotina: todas as manhãs os quatro fazem, juntos, exercícios por meio de um aplicativo.

“Comprar um short novo, uma camisa, ou um tênis não adianta se você não tiver motivação e foco. A motivação é o alimento, o fertilizan­te para construir e manter esse hábito, para ele se transforma­r em rotina. Afinal, enquanto for só um hábito, a gente cria resistênci­a”, explica o profission­al.

Para quem tem dificuldad­e, o ortopedist­a manda um recado. “Não é fácil para uma pessoa que nunca fez nada na vida. Mas comece de forma lenta, gradual. Se quiser ajuda, tem muitos profission­ais que podem ajudar de forma contínua. Aquela dor do início vai diminuir, o peso vai diminuir e os benefícios vão chegar”, garante.

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FOTOS DE DIVULGAÇÃO O médico Ronald Barreto: exercícios diários com a família, através de aplicativo, é sua forma de manter as atividades durante a pandemia
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Ronald Barreto : “aquela dor do início vai diminuir e os benefícios vão chegar”

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