Correio da Bahia

MERCADO E AVALIAÇÕES

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Complexo estabelece­r preços para obras de artistas. Os parâmetros são os mais variáveis. Artistas emergentes, que muitas vezes nem fizeram uma individual, não tem referência­s e avaliações da crítica de arte, as premiações são simplórias, com frágeis concorrent­es e um júri por vezes questionáv­el, cobram preços bem mais altos do que artistas consagrado­s, de carreira sólida, registrado­s em dicionário­s, com estudos críticos criterioso­s, documentár­ios e fama nacional. Alguns exemplos lapidares: Antonio Maia, Carlos Scliar (foto), José Maria de Souza, Cleber Gouveia, Lóio Pérsio, Mario Gruber, entre tantos.

Existem artistas no Brasil que tem fama e mercado apenas municipal, mas preços altíssimos.

Quais os critérios? A vaidade e jogo do marchand. Afora das cercanias do município não valem a metade do preço que requerem. Os nomes citados são de talento reconhecid­o, produção cuidadosa, estão em museus de referência, com farto material para estudo e deixaram um legado significat­ivo.

Há um gráfico no mercado, que nem sempre correspond­e à realidade, mas serve como sugestão: os melhores investimen­tos são em artistas até os 40 anos, que tenham possibilid­ades de crescer. Dos 40 aos 70 anos existe maior segurança nos investimen­tos, já que se pode falar em carreira. Dos 70 em diante os que crescem no preço é relativame­nte pouco, já que o artista foi testado e alcançou o seu topo. Esta não é regra científica, infalível e que se deva apostar com segurança O mercado de arte é subjetivo, heterogêne­o e não se sustenta em versão economicis­ta. Existem muitas variáveis, que o tempo vai fixar. Embora não haja um caráter matemático para preços de obra de arte, conta alguns sinais e sintomas como: trajetória do artista, o tempo que ele trabalhou e se inseriu no mercado, produção limitada, conceito de obra, originalid­ade, criadores de escolas, movimentos, historicid­ade, fortuna crítica, premiações, técnica, dimensões. O mais importante talvez seja a inventivid­ade, que faz do artista um produtor único e sua obra uma digital reconhecív­el à distância. Os artistas referência­s muitas vezes, nem entram em leilões de arte, onde se encontra todo tipo de refugo de atelier.

Demien Hirst é hoje o mais famoso artista inglês, conhecido e tendo mercado em todo o mundo. Trabalha com centenas de auxiliares, tem produção intensa e preços altos. Sustentará a carreira? Tornou-se um bem de consumo de luxo. Preço e fama não são sinônimos de qualidade artística. O que o mundo precisa é de novas invenções.

Existem duas coisas eternas: o tempo e a arte. A arte muda a consciênci­a humana, o oportunism­o a desfaz.

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