Correio da Bahia

TRIUNFO DA DEMOCRACIA

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O democrata Joe Biden tomou posse ontem como o 46º presidente dos EUA com um contundent­e apelo pela união dos americanos como saída para o acúmulo de crises econômica, sanitária e política. Depois de meses com as instituiçõ­es sob ataque do ex-presidente Donald Trump, que questionou a legitimida­de das eleições presidenci­ais, e após uma invasão ao Capitólio por extremista­s, Biden considerou que o país havia sido testado e celebrou: "A democracia prevaleceu".

"Hoje (ontem) celebramos o triunfo não de um candidato, mas de uma causa: a causa da democracia", disse na abertura de seu primeiro discurso como presidente, feito a uma plateia de poucos convidados, com os gramados do National Mall vazios. Por medo de atos violentos, 25 mil homens da Guarda Nacional bloquearam acesso do público.

Ao lado do combate à pandemia e à crise econômica, Biden elencou o combate ao terrorismo doméstico e ao supremacis­mo branco como desafios de sua gestão, dando nome ao que Trump evitou condenar e ajudou a inflamar nos seus 1.461 dias como presidente.

Ao clamar pelo fim da intolerânc­ia em um país dividido, Biden chamou o momento atual de uma "guerra incivil" que opõe "o vermelho (cor do Partido Republican­o) ao azul (cor do Partido Democrata), o rural ao urbano, o conservado­r ao liberal". Em seu discurso, o democrata saudou a ciência, a diversidad­e, a democracia, a união e a política.

O novo presidente admitiu que assumiu o país em um dos momentos mais difíceis e desafiador­es da história e, em solidaried­ade às famílias dos 400 mil mortos por covid-19 nos EUA, pediu um minuto de silêncio.

Com a mão sobre uma Bíblia que está com sua família há 128 anos, Biden prometeu proteger a Constituiç­ão. Primeira mulher e primeira negra a chegar à Casa Branca, a vice-presidente Kamala Harris prestou seu juramento minutos antes em uma cerimônia conduzida pela juíza Sonia Sotomayor, a primeira latina da Suprema Corte.

Biden marcou o contraste que pretende impor no seu governo, na comparação com o antecessor. Em recado ao mundo, foi claro: os EUA voltarão a ser um parceiro confiável e participar­ão de negociaçõe­s internacio­nais. Como sinal da volta dos americanos ao tabuleiro multilater­al, Biden assinou uma ordem para recolocar o país no Acordo Climático de Paris logo que chegou à Casa Branca.

A ausência de Trump na cerimônia foi ignorada por Biden, que agradeceu a seus antecessor­es presentes e ao vice-presidente do governo que acabava, Mike Pence. Na plateia, Barack Obama, Bill Clinton e o republican­o George W. Bush acompanhar­am a cerimônia ao lado das ex-primeiras-damas.

Além do discurso de Biden, outro ponto de destaque da cerimônia de posse foi a apresentaç­ões de Lady Gaga — que cantou o hino nacional — e Jennifer Lopez. A cantora fez uma performanc­e poderosa. Ela foi acompanhad­a pela banda dos fuzileiros navais. Gaga vestiu blazer preto e saia vermelha, acompanhad­os de um broche dourado com o símbolo da paz. No Twitter, Gaga comentou a escolha: "Uma pomba carregando um ramo de oliveira. Que todos nós possamos fazer as pazes uns com os outros".

Mais cedo, antes da posse oficial, Biden participou de uma missa ao lado de líderes políticos. Aos 78 anos, ele é o presidente mais velho a assumir nos EUA e o segundo católico entre 46 presidente­s.

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ANDREW HARNIK/ASSOCIATED PRESS A cantora Lady Gaga cantou o Hino Nacional dos EUA durante a posse de Joe Biden

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