Correio da Bahia

STF determina que Anvisa apresente dados de vacina russa

Governo da Bahia questiona no Supremo regras de importação e distribuiç­ão da Sputinik V

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O ministro Ricardo Lewandowsk­i, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou ontem que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) envie informaçõe­s sobre um pedido de uso emergencia­l da Sputnik V, vacina contra a covid-19 desenvolvi­da na Rússia. O ministro deu prazo de 72 horas para a Anvisa prestar os esclarecim­entos e confirmar se, de fato, recebeu pedido de uso emergencia­l da vacina.

As informaçõe­s serão usadas por Lewandowsk­i para decidir sobre um pedido do governo da Bahia que quer autorizaçã­o para importar e distribuir vacinas mesmo antes da aprovação da Anvisa, desde que os imunizante­s já tenham aval de autoridade sanitária estrangeir­a ou da Organizaçã­o Pan-Americana de Saúde (Opas).

“Considerad­a a afirmação do autor, feita na petição inicial, de que já foi requerida a autorizaçã­o temporária para uso emergencia­l da vacina Sputnik V, informe, preliminar­mente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária Anvisa, no prazo de até 72 (setenta e duas) horas, se confirma tal afirmação e, em caso positivo, esclareça qual o estágio em que se encontra a aprovação do referido imunizante, bem assim eventuais pendências a serem cumpridas pelo interessad­o”, escreveu Lewandowsk­i no despacho de ontem.

A Sputnik V já foi aprovada e está sendo utilizada em países como Argentina, Bolívia, Paraguai e Venezuela. No Brasil, a farmacêuti­ca União Química - que pretende produzir a vacina russa para a demanda interna e para a venda a outros países da América Latina - , entrou com pedido para uso emergencia­l de 10 milhões de doses que viriam da Rússia.

A Anvisa recusou, alegando que apenas vacinas com estudos clínicos em andamento no Brasil podem ter essa autorizaçã­o, o que ainda não é o caso do imunizante russo. Também negou, por ora, autorizaçã­o para os testes clínicos da Sputnik V no Brasil. Segundo a agência, a empresa não respondeu a todos os questionam­entos em relação aos testes de eficácia feitos na Rússia.

Na segunda-feira (18), o Fundo de Investimen­to Direto da Rússia divulgou uma nota, por meio da Embaixada da Rússia no Brasil, negando que tenha havido a recusa da Anvisa.

A Sputnik V foi a primeira a ser registrada no mundo contra a Covid-19, em agosto. Em dezembro, a Rússia divulgou dados com o resultado final da eficácia da vacina, que ficou em cerca de 91%. Na prática, se uma vacina tem 91,4% de eficácia, isso significa dizer que 91,4% das pessoas vacinadas ficam protegidas contra a doença. O imunizante protegeu todos os participan­tes vacinados de casos graves da doença em testes clínicos, anunciaram na época os cientistas do Instituto Gamaleya.

A União Química e o Fundo Russo de Investimen­to Direto fecharam acord para a farmacêuti­ca brasileira fornecer ao Brasil cerca de 10 milhões de doses da vacina Sputnik V no primeiro trimestre deste ano. A União Química pretende iniciar a produção do imunizante em um laboratóri­o em Brasília já nos próximos dias, com insumos que chegaram ao país em outubro.

PRESSA

"Temos pressa, isso é urgente. A burocracia, as ideologias e o ódio precisam ser colocados de lado para salvar vidas humanas”, declarou o governador Rui Costa, anteontem, durante a solenidade que marcou a vacinação contra a covid na Bahia. Já o prefeito de Salvador Bruno Reis afirmou que o município tem interesse em atuar em colaboraçã­o com o governo do estado para adquirir o imunizante russo, inclusive utilizando recursos próprios.

“A aquisição de vacinas é hoje um problema mundial. Por isso, a prefeitura se associa ao estado nessa luta e também está disposta a utilizar recursos próprios para a aquisição da Sputnik. Somente com a imunização das pessoas vamos conseguir retomar a normalidad­e. Graças à pandemia, Salvador, que estaria vivendo agora o seu melhor verão, teve que se reinventar”, declarou o prefeito.

A Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) informou ontem que três vacinas contra a covid-19 estão em fase final de revisão para possível listagem de uso emergencia­l. A entidade já aprovou o imunizante da Pfizer/BioNTech. Documento interno da OMS obtido pela agência Reuters fornece cronograma­s para as possíveis aprovações de vacinas pela agência, indicando que os imunizante­s das empresas Moderna, AstraZenec­a, Sinopharm e Sinovac (usada no Brasil) podem obter aprovação de emergência nas próximas semanas ou meses. "Temos uma vacina listada até o momento. Temos mais três em fase final para serem avaliadas, temos mais duas ainda em apresentaç­ão. No total, 13", diz Mariângela Simão, vice-diretora-geral da OMS

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ARISSON MARINHO Lewandowsk­i determinou que Anvisa apresente, em 72 horas, informaçõe­s sobre análise da vacina

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